Acadêmicos preveem efeito negativo do atrito comercial na economia mundial
Os acadêmicos estrangeiros e chineses apontaram nesta terça-feira (28) um efeito negativo do atrito comercial para a economia mundial. No Painel Anual de Think Tank sobre Assuntos da China, promovido pelo Centro para China e Globalização (CCG, na sigla em inglês) e pelo Programa de Think Tank e Sociedade Civil da Universidade da Pensilvânia, os peritos debateram a disputa comercial incitada pelo governo dos Estados Unidos, destacando que ninguém ganha neste confronto.
Para o vice-diretor do Instituto norteamericano de Cato, Christopher Preble, o grande desenvolvimento da globalização conscientiza as pessoas da importância do comércio livre. Qualquer ação que pretenda danificar o comércio é nociva e uma barreira para as relações pacíficas. Ele criticou o pensamento de soma zero da Casa Branca:
“Acredito que o governo de Donald Trump tem tratado o comércio como um jogo de soma zero. Quando um ganha, o outro perde decerto. Neste contexto, ele só enxerga que a China se desenvolveu muito nos últimos 30 anos, mas os Estados Unidos não. Portanto, ele julgou que o sucesso da China é atribuído pelo consumo dos norteamericanos. Eu não concordo.”
Já o pesquisador sênior do Instituto Real de Assuntos Internacionais do Reino Unido (Chatham House), Tim Summers, indicou que a escalada de Washington do atrito comercial impacta de forma completamente negativa a macroeconomia e ainda pode prejudicar a operação de longo prazo das empresas transnacionais.
“Isso causa influências negativas no nível macroeconômico. Afetará o crescimento do PIB tanto da China como dos Estados Unidos, provocando assim um imenso desafio para a economia global. Não só a curto prazo, mas ainda a longo prazo mudará a maneira dos empresários em termos de como organizar a produção e a disposição dos negócios. Até mesmo a cadeia global de suprimentos e a rede de inovação formada nos últimos 40 anos enfrentarão mais dificuldades.”
Os especialistas chineses explicam também a questão da visão global. O professor da Universidade de Economia e Negócios Internacionais, Wang Jian, opinou que, apesar do conflito comercial, o processo de globalização não parará.
“Do ponto de vista dos negócios, os países dependem mais um do outro, ou seja, o mundo se torna cada vez mais pequeno. De fato, as restrições comerciais entre a China e os EUA não corta e nem cortará as ligações nos campos industrial e tecnológico.”
Falando de perspectivas, Wang Yong, como diretor do Centro de Pesquisa em Política e Economia Internacional da Universidade de Pequim, enfatizou que as empresas serão as mais prejudicadas.
“Se a Casa Branca persistir nas atuais políticas, as empresas norteamericanas podem perder o mercado chinês. As tecnologias dos Estados Unidos não são únicas. A China abre mais as portas à Europa, Japão e outros. A inovação é global. A longo prazo, as empresas norteamericanas engolirão esta fruta amarga.”