Comentário: Será que um novo líder pode reparar a rachadura da parceria transatlântica?
“A parceria transatlântica mantinha-se através de equipamentos de suporte à vida.” Isso foi a avaliação de um veículo de imprensa europeu para as relações EUA-UE nos últimos anos. Hoje, o poder político dos EUA já passou do velho para o novo governo. Será possível reparar a rachadura nessa parceria?
Embora o novo presidente estadunidense, Joe Biden, tenha declarado varias vezes que melhorará as relações com a Europa, o novo secretário de Estado, Antony Blinken, afirmou que o governo dos EUA está determinado a impedir a conclusão da obra de Nord Stream 2, causando a insatisfação dos países europeus. A chanceler alemã, Ângela Merkel, respondeu que não abandonará o projeto e nem chegará em um consenso com Biden em todos os assuntos.
A contradição entre EUA e UE também está em outras áreas. Recentemente, a farmacêutica estadunidense Pfizer adiou a entrega de vacinas de Covid-19, deixando vários países europeus insatisfeitos. A Pfizer atribuiu o adiamento a um problema na linha de produção, porém, analistas acreditam que o motivo verdadeiro seja que a empresa prioriza a vacinação nos EUA e propositadamente adiou a oferta de vacinas à Europa. A traição da empresa estadunidense afetou ainda mais as relações entre as duas partes.
Obviamente os EUA e a UE não voltarão a se abraçar somente por causa da troca de um líder.
Por um lado, os antigos problemas que assolavam as relações EUA-UE não desaparecerão. Nenhuma parte cederá nas questões de subsídio de aviação, imposto digital ou projeto de Nord Stream 2. Aliás, ambos enfrentam pressão interna. Nos EUA, o protecionismo está em ascensão e a lacuna social se aprofundou. Na Europa, o apelo para se livrar dos EUA e procurar a independência está cada dia mais alto.
Por outro, no atual quadro internacional, o foco estratégico dos EUA já mudou para o Indo-Pacífico, pois é irreal aumentar o investimento econômico e militar na Europa. Por isso, dificilmente o país mudará suas políticas em relação à guarnição e à defesa militar.
Para muitos analistas, a contradição essencial entre os EUA e a UE é que Washington quer criar uma frente unida com os EUA como o líder e a Europa como subordinada, a fim de consolidar a hegemonia do país, mas a UE espera reforçar sua autonomia estratégica enquanto fortalece a aliança.
A contradição estrutural entre EUA e UE pode não ser resolvida, não importa quantos governos dos EUA mudem.
Tradução: Florbela Guo
Revisão: Erasto Cruz