Foi realizado, dia 19, horário local, a cerimônia de lançamento do projeto de Belo Monte de transmissão elétrica via linha de ultra alta tensão. O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, em visita do Brasil, e a presidente brasileira, Dilma Rousseff, estiveram presentes na cerimônia. O projeto é considerado como um marco histórico na cooperação do setor elétrico dos dois países.
O projeto será de transmissão elétrica via ultra alta tensão de 800 quilovolts na usina de Belo Monte, a segunda maior estação de hidrelétrica no Brasil, trata-se da primeira linha na América que utiliza esta tecnologia. Com isso, cabe transmitir a eletricidade gerada no norte do Brasil, região com ricos recursos hidrelétricos, para o sudeste, região de maior consumo de energia. A linha começa no estado do Pará e chega até Minas Gerais, com um percurso total de 2081 quilômetros. O projeto, que será concluído no final de 2017, é considerado como o maior projeto de infraestrutura do país, segundo a imprensa brasileira.
Em fevereiro de 2014, a companhia formada pela chinesa State Grid, que tem 51% de ações, e pela Eletrobras venceu a licitação do projeto de Belo Monte. O acordo cooperativo foi assinado em julho, com a presença do presidente chinês, Xi Jinping, e da presidente brasileira, Dilma Rousseff. O embaixador chinês no Brasil, Li Jinzhang, falou sobre o significado dessa cooperação:
"A ultra alta tensão é uma tecnologia avançada inventada unicamente pela China com propriedade intelectual autónoma. O projeto no Brasil simboliza que as empresas elétricas chinesas são aceitas pelo mundo."
O Brasil é uma potência de recursos hídricos. A energia hidrelétrica no país ocupa cerca de 70% da capacidade total. Os 80% dos consumidores energéticos concentram-se no sul e no sudeste, enquanto o rioAmazonas, no norte, tem ricos recursos. A tecnologia avançada chinesa ajuda o governo brasileiro na transmição da eletricidade de norte a sul.
A State Grid criou sua filial no Rio de Janeiro em 2010, que se tornou a quarta operadora de transmissão elétrica no Brasil. O embaixador Li Jinzhang apontou que existe um enorme potencial de cooperação entre a China e o Brasil na área de energia elétrica. Além da transmissão, os dois países cooperam também na geração de eletricidade.
"Durante a visita de Li Keqiang no Brasil, o grupo China Three Gorges Corporation vai assinar o acordo de uma usina de energia eólica de 320 mil quilowatt no nordeste brasileiro. Com isso, as cooperações sino-brasileiras, já existentes nas energias solar, térmicas e hídricas , ampliam-se à área da energia eólica."
Segundo uma previsão brasileira, até 2023, o investimento brasileiro na geração e transmissão de eletricidade atingirá 600 bilhões de yuans, dos quais, 230 bilhões de yuans serão destinados às energias renováveis. O presidente do Instituto de Pesquisa China-Brasil, Ronnie Lins, tem sua opinião sobre isso:
"No contexto do Brasil que também é de atuar na área de energia, será fundamental cada vez mais desenvolver novos projetos. Então quando mais houver a transferência de tecnologia e desenvolvimento de projetos conjuntos, será muito bem visto pelo governo. Não só na área de energia elétrica, como energia alternativas, como eólica, solar, onde a China tem muito bom desenvolvimento. Então, não só a usina de Belo Monte, como qualquer coisa relacionada em energia e a questão de água são fatores cruciais para o desenvolvimento e interesse do governo."
O embaixador Li Jinzhang referiu especialmente que o governo brasileiro havia lançado algumas políticas de estímulo ao desenvolvimento da energia solar. Ele disse:
"O Brasil está ansioso pelas cooperações com a China na área de energia solar, pois, sabe que a China é a maior fabricante de produtos fotovoltaicos, usina de energia solar, e outros. E a nossa tecnologia representa o nível mais elevado do mundo. Por isso, recebemos muitas vezes pedidos de empresas brasileiras de cooperação com as empresas chinesas."