Marcos Lombello nasceu no Brasil. Ele recebeu parte da educação nos EUA e se tornou depois um professor de inglês na sua pátria. Porém, uma oferta de trabalho do seu irmão levou Marcos para Quanzhou, uma cidade pequena e bonita da província chinesa de Fujian, no sudeste do país. Em 2003, ele se tornou um professor de inglês na Universidade Normal de Quanzhou. No início, ele não entendia nem falava o chinês, o que dificultou o seu trabalho pedagógico, mas, o seu talento em música o ajudou a vencer a dificuldade.

"O começo foi muito difícil. Acho que um fator que ajudou a despertar o interesse dos meus alunos foi a música, porque toco violão e gosto de cantar. E a música é uma linguagem internacional", disse Marcos.

Sendo um artista não apenas durante as aulas, no seu tempo livre, Marcos organizou uma banda para desenvolver sua paixão pela música. A banda, que se chama The Shards, já fez espetáculos em vários eventos, incluindo celebrações em universidades da região e festas particulares, assim como em restaurantes e bares. Marcos compôs músicas e até produziu versões em português de canções chinesas e versões em chinês de obras brasileiras. Ao falar sobre o estilo da banda, Marcos disse que é uma mistura, mas que tem características próprias: "Eu diria que é uma fusão. Usamos ritmos brasileiros, como maracatu (um ritmo musical afro--brasileiro), frevo (também um ritmo musical do Estado brasileiro de Pernambuco) e samba, misturado com rock e outras linguagens de influência chinesa. Essa fusão dá uma personalidade muito peculiar à nossa música."

De fato, a banda e o trabalho artístico do Marcos estão inseridos nos seus esforços dentro do Projeto Amizade China-Brasil, que foi iniciativa do próprio professor e tem como objetivo levar a cultura chinesa para o Brasil e trazer a cultura brasileira para os chineses.

Além de ser muito ativo em seu trabalho e atividades sociais, Marcos também formou uma família em Quanzhou. Ele se casou com uma chinesa e já tem um filho. Depois de morar na China por quase 12 anos, Marcos acha que já se acostumou à vida local, graças à sua atitude positiva ao viver num outro país.

"A mente aberta é muito importante. A mente aberta para aprender e aceitar o que é diferente. Um outro fator muito importante é a paciência, porque vão haver dificuldades no início. A gente tem que esperar para que chegue o momento de uma boa adaptação. O terceiro fator é o bom humor, com que a gente pode ver o lado bom e engraçado até mesmo nas dificuldades. A gente deve rir um pouco de si próprio."

Aos olhos de Marcos, a cidade de Quanzhou está passando por uma mudança vertiginosa, enquanto procura conservar sua fisionomia tradicional. "O que eu mais gosto de Quanzhou talvez seja a mistura do moderno e do tradicional, porque apesar de ser uma cidade moderna, ainda existem lugares e situações em que podemos ver aquela cultura muito tradicional e antiga. E a gente consegue sentir a cultura milenar dessa região sul da província de Fujian."