Pela sua posição geográfica, Macau era o local ideal para a criação de jardins chineses. Sua edificação pretende incorporar todos os elementos da natureza num espaço reduzido. Grandes pedras gastas pelo tempo representam as montanhas e rochedos; os tufos de pinheiros, ameixeiras, bambu e salgueiros são perenes, bem como tanques com flor-de-lótus; a imensidade misteriosa dos campos do Oriente é sugerida por um labirinto de veredas que serpenteiam de forma a dar ao visitante uma vista de relance de partes diferentes do jardim.
Os chineses constroem jardins há mais de dois mil anos e lhes atribuem grande importância. Um dito chinês diz que eles "alimentam o coração" e um imperador recorria a eles para "reconciliar as emoções e descansar o espírito". A maior parte dos jardins possui pequenos quiosques abertos, utilizados tradicionalmente para contemplar a lua, escrever poesias, namorar e beber um bom vinho.
Em Macau de hoje, os jardins estão abertos de manhã à noite e são tratados por jardineiros. De manhã cedo, homens e mulheres vão aí fazer exercícios como Tai-ji. Mais tarde, as donas de casa, depois das compras no mercado, passam por lá para conversar com as amigas e os homens levam as suas gaiolas com pássaros, pendurando-as às árvores, e eles podem ter um breve reencontro com a natureza.
Aqui vamos conhecer três jardins mais bonitos e característicos de Macau.
Jardim de Lou Lim Iok
É um jardim de estilo clássico chinês, cercado de altos muros com entrada pela Estrada Adolfo Loureiro. De todos os jardins de Macau, este é o mais chinês.Foi construído pelo rico comerciante Lou Kau (1837-1906) que se fixou em Macau em 1870. É uma imitação dos famosos jardins da cidade chinesa de Suzhou (século XIV). O primeiro nome deste jardim era Yu Yun, Jardim das Delícias, mas hoje é conhecido por Jardim de Lou Kau (nome do seu proprietário) ou Jardim de Lou Lim Iok (nome do filho primogênito).
Este jardim possuía uma suntuosa residência-atualmente pertença da Escola Pui Cheng-onde esteve hospedado, em 1911, o Dr. Sun Yat Sen, fundador da República da China.
Em 1973, o governador Nobre de Carvalho(1966-74)adquiriu o jardim, posteriormente entregue, depois de remodelado, à gestão do Leal Senado e aberto ao público em 1974. Entre os seus elementos mais característicos, podem referir-se o lago artificial - com uma estátua em pedra da deusa Kun Iam e flores de lótus, símbolo da pureza, que florescem nos meses de junho e julho- e a ponte das nove curvas, símbolo da longevidade, que dá acesso ao Pavilhão da Relva Primaveril.
Os percursos no seu interior são curvos e labirínticos, de modo a permitir ao visitante diferentes perspectivas do jardim. O pavilhão é freqüentemente utilizado para exposições artísticas, servindo também de auditório para recitais durante o Festival Internacional de Música.
Jardim de Luís de Camões
O jardim Luís de Camões, situado na Colina do Patane e é um dos mais antigos de Macau. Esta elevação densamente arborizada fazia parte no século XVIII, dos terrenos da casa ocupada pelo administrador da "British East India Company". Os ingleses saíram em 1835 e a propriedade voltou a ser administrada pela família do Conselheiro Manuel Pereira. O seu genro, Comendador Lourenço Marques, mandou colocar um busto do poeta no Jardim, fortalecendo a tradição já existente que afirmava ter sido Luís de Camões um dos primeiros moradores de Macau, que, nos penedos deste local, teria escrito parte do poema épico Os Lusíadas. O atual busto em bronze de Camões, foi inaugurado em 1886, quando a Gruta se tornou propriedade do Governo. Pelas encostas, na parte de trás da gruta, pequenos caminhos levam até ao topo do monte onde se encontram, um pavilhão chinês e diversas mesas e bancos de pedra onde os homens se juntam para jogar o xadrez chinês. Em frente à gruta encontramos um amplo jardim. No recinto da entrada do jardim pode se ver uma fonte decorada com uma escultura em bronze intitulada. Abraço, da autoria da escultora Irene Vilar, que simboliza a centenária amizade entre a China e Portugal. Adjacente aos Jardins de Camões ficam a "Casa Garden", antiga residência do Aministrador da "British East India Company", que é hoje, depois de devida remodelação, uma galeria de arte e o Antigo Cemitério Protestante atravessado por caminhos ladeados por árvores floridas e pedras tumulares recorda os mercadores, os missionários e tantos outros estrangeiros que fizeram de Macau o seu lar.
Parque da Guia
A Colina da Guia muito bem arborizada, ponto mais alto de Macau (91,8 metros), foi construída inicialmente em 1883, sendo hoje uma zona muito rica em diferentes espécies arbóreas e o mais importante espaço verde da cidade.
Dispõe de um circuito de manutenção muito utilizado pela população de Macau para a prática do esporte e de Tai-Chi-Chuan(ginástica chinesa). Neste parque, encontra-se a Fortaleza da Guia, construída em 1637-1638, a ermida de Nossa Sra. da Guia, de 1632, e o Farol da Guia, construído em 1865, no tempo do governador Coelho do Amaral.