Daqui a alguns dias, efectuarei uma visita oficial à Etiópia, sede da União Africana, Nigéria, Angola e Quénia, a convite dos respectivos países e organização. Estou contente de ter esta oportunidade para falar com os amigos de mídia sobre a minha visita.
Pergunta: Sua Excelência é um líder com visão internacional. Dizem que já visitou muitos países antes. Qual é a sua impressão sobre a África?
Resposta: Visitei Egipto em 2009, mas até agora ainda não conheço retrato completo da África. Tenho lido alguns livros sobre a África, conhecendo que a África inteira é constituída tanto pela região árabe no norte, como a África Subsariana. A África é um continente vasto, fértil e fascinante, tendo uma civilização longa e esplêndida. Lá há mais de mil e quinhentos tribos e mais de dois mil línguas, sendo considerado a origem da civilização humana. Lá tem o torrentoso Rio Nilo, o majestoso Monte Quilimanjaro, o espectacular Vale da Grande Fenda da África Oriental, e a mundialmente famosa Migração de Animais em Masai Mara. Lá há povos singelos, caciques hospitaleiros, músicas e danças vigorosas. A África é um continente dinâmico com rápido desenvolvimento, e já tenho esperado por esta visita por longo tempo.
Desde a entrada no novo século, os paises africanos têm refomentado o espírito de Pan-Africanismo, acelerando o processo de integração africana. Nos últimos dez anos e tal, a África tem sido o líder global em crescimento económico, conquistando êxitos notáveis no desenvolvimento económico e social. A África de hoje está cheio de vigor de desenvolvimento, é impressionante e tido em alta consideração pelo mundo. É justo dizer que, a África já se tornou numa força muito importante no processo de multi-polaridade do Mundo, um mercado emergente muito importante que promove a recuperação e integração da economia mundial, e também um representante marcante das diversas civilizações do mundo. Tenho grande admiração pelo espírito de unidade e de perseverança do Povo Africano, e tenho a plena confiança no futuro brilhante do desenvolvimento da África.
P: Mesmo que o Mundo sofreu grandes mudanças nos passados cinquenta e tal anos, a relação sino-africana tem-se mantido inquebrável e desenvolvimento constante. Qual é a sua opinião sobre a razão deste fenómeno?
R: A relação sino-africana tem uma longa história e a amizade sino-africana está cheio de vitalidade. Desde dos anos 1950s e 1960s, a China e a África têm sido unidos pelas experiências históricas comuns, e foi forjada uma amizade profunda na nossa luta conjunta na qual as duas partes apoiaram-se um ao outro nos tempos de dificuldade.
Como um provérbio chinês diz, "é fácil de obter mil moedas de ouro, mas difícil de encontrar um amigo de peito". O Povo Chinês nunca se esquecerá de que, foram os nossos irmãos africanos que nos levaram nas Nações Unidas. Também somos sempre orgulhosos pela construção da Ferrovia Tanzânia-Zâmbia (Tazara). Entre todos os donativos internacionais recebidos pelas populações afectadas no terramoto de Wenchuan, China, em 2008, valorizávamos em particular aqueles que vieram da África. Nas Nações Unidas e outras organizações multilaterais, a China tem sempre sido a voz mais firme na salvaguarda dos direitos e interesses legítimos da África e dos outros países em desenvolvimento. Para o Povo Chinês, o Povo Africano é sempre nosso bom irmão, bom amigo e bom parceiro que é confiável e fiel. Ultrapassando há muito tempo atrás a distância geográfica e as diferenças culturais e institucionais, a relação sino-africana tem-se tornando num modelo bem-sucedido da cooperação Sul-Sul pelas suas características de sinceridade, confiança mútua e harmonia.
A cooperação sino-africana não só nos oferece vasto espaço e forte força motriz para os nossos respectivos desenvolvimentos, mas também dá importantes contributos para elevar o status geral dos países em desenvolvimento e promover a causa do progresso humano. A China está disposto a trabalhar com os países africanos, para reforçar a confiança mútua estratégica, aprofundar a cooperação na defesa de paz e segurança, elevar o nível da cooperação pragmática, fortalecer os intercâmbios entre os povos e culturais, promovendo maiores progressos na construção do novo tipo da parceria estratégica sino-africana.
P: Dizem que esta é a sua primeira visita à África como Primeiro-Ministro da China. Qual é o objectivo da sua visita? Quais são as mensagens que queria transmitir ao Povo Africano?
R: Esta é a primeira vez que ponho o pé na terra africana como Primeiro-Ministro do Conselho do Estado da China, e também a minha primeira visita ao exterior do ano corrente. Considero esta visita como uma viagem da cooperação e da solidariedade, com base nas tradições do passado. Vou recaminhar o caminho de amizade anteriormente pavimentado pelos líderes chineses e africanos da geração antiga, onde sentirei pessoalmente a profunda amizade baseada na solidariedade e apoio mútuo entre os povos da China e da África, testemunharei com meus próprios olhos o dinâmico desenvolvimento económico e social da África, e escutarei as expectativas do Povo Africano sobre a melhor vida no futuro. Estou muito disposto a dedicar esforços concretos para aprofundar o desenvolvimento das relações sino-africanas e promover as cooperações nos diversos domínios, em maior prol dos nossos povos.
Durante esta visita, vou visitar a sede da União Africana e proferir um discurso sobre a abordagem e posição da China em promover a relação e cooperação sino-africanas na nova era. Vou trocar com profundidade as opiniões sobre o reforço das relações bilaterais com os líderes dos quatro países africanos que visitarei, e interagir amplamente com a população local de diferentes sectores. Vou assistir na Cimeira da África do Fórum Económico Mundial e proferir um discurso, e trocar os pontos da vista sobre a promoção das relações e cooperação bilaterais com os líderes africanos que participarão na cimeira. Ademais, visitarei também as comunidades chinesas e os funcionários das instituições chinesas na África. Espero que a minha visita possa contribuir para aprofundar ainda mais a amizade tradicional sino-africana, actualizar a cooperação pragmática, reforçar a solidariedade e ajuda mútua, e promover o desenvolvimento comum. Espero também que através da minha visita, os 1 bilhão de pessoas africanos possam reforçar a sua compreensão de que, os 1,3 bilhão de pessoas chineses têm sido e serão para sempre os seus amigos sinceros e parceiros confiáveis, e que a parte chinesa está disposto a, junto com a parte africana, continuar a transmitir o bastão de revezamento da amizade sino-africana para as futuras gerações.
Um ditado africano diz que, se quiser andar rápido, anda sozinho; se quiser andar para longe, caminham juntos. A amizade sempre fresca e a boa situação da cooperação global entre a China e a África merecem ser valorizados e acarinhados pelos nossos povos. A China está pronto para trabalhar em conjunto com os povos de todos os países africanos, tratar-se um ao outro com sinceridade, reforçar a solidariedade, promover o desenvolvimento comum através das cooperações de benefício mútuo, a fim de que os nossos gloriosos sonhos de grande revitalização sejam realizados o mais cedo possível.
P: Todos dizem que é prometedora a cooperação entre a China e a África. Quais são as oportunidades do futuro, e quais são as medidas concretas da parte chinesa para promover a futura cooperação sino-africana?
R: A China é o maior país em desenvolvimento do mundo, a África é o continente que concentra o maior número de países em via de desenvolvimento. Tanto a China como a África enfrentam tarefa premente de desenvolver a economia e concretizar a modernização. Depois da entrada no novo século, a China e a África têm aproveitado a oportunidade histórica do aprofundamento da globalização, solidarizam-se e apoiam-se um ao outro, cooperando para o benefício mútuo, resultado dos quais o desenvolvimento da relação sino-africana tem entrado numa "era doirada", enquanto ambas as partes têm gozado de muitos benefícios através da cooperação mútua. Atualmente, a China encontra-se numa fase crucial de reforma profunda e abrangente e de transformação de uma maneira acelerada do modelo de desenvolvimento económico, enquanto a África encontra-se no novo caminho de procura em ser forte e revitalizado através da união e desenvolvimento, abrindo assim para a cooperação sino-africana nova oportunidade para avançar a passos largos. Durante esta visita, vou trabalhar em conjunto com os líderes dos países africanos e da Comissão da União Africana, bem como os representantes dos empresários chineses e africanos, com espírito pragmático e empreendedor, resumir as experiências, identificar os espaços para melhorias, e discutir novas áreas, novos caminhos e novos modos da cooperação sino-africana abrangente, a fim de criar uma edição actualizada da cooperação entre a China e a África.
A China e a África ampliarão o intercâmbio e cooperação na área de redução de pobreza, promovendo o desenvolvimento comum. Na China ainda há mais de 100 milhões de pessoas que vivem abaixo de linha de pobreza. A África também enfrenta vários desafios e dificuldades na concretização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milênio. Tanto a China como a África estão a envidar esforços para desenvolver a economia e melhorar o bem-estar do povo, sendo assim a cooperação das duas partes na área de redução de pobreza um dos highlights da cooperação sino-africana. A China está disposto a compartilhar com a África as experiências na redução de pobreza e no desenvolvimento agrícola, reforçar a cooperação agrícola sino-africana, e ajudar a África na formação de quadros técnicos e de gestão agrícola, procurando desenvolvimento sustentável e uma vida mais digna através de vencer o combate contra a pobreza.
A China e a África reforçarão a cooperação na área industrial e finançeira, promovendo o desenvolvimento de industrialização e de indústria manufactora da África. A África já entrou na via expressa de crescimento, sendo a tendência de modernização é imparável. A China está pronto para aproveitar as próprias vantagens, participar activamente na construção de infraestruturas da África, promover as interligações da África, e fomentar cooperação industrial através de construção de infraestruturas, ajudando a África a enfocar o desenvolvimento de indústria manufactora de mão-de-obra intensiva, aumentar o emprego e estimular o consumo. A parte chinesa ainda vai inovar formas de cooperações financeira e de investimento, ajudando a parte africana a resolver as dificuldades de carência de capitais. Durante esta visita, a China e a África assinarão uma série de acordos de cooperação nas áreas de estrada, ferrovia, aviação e electricidade, etc.
A China e a África reforçarão a cooperação na área de recursos humanos e de protecção ecológica e ambiental, a fim de sustentar o ímpeto do desenvolvimento da África a longo prazo. Os recursos humanos são os recursos com o maior potencial da África. A China está disposto a formar mais profissionais de domínios multíplices para os países africanos, e providenciar mais educação profissional para os jovens africanos, a fim de ajudar a África a soltar dividendos de população duma forma completa e duradoura. Um ditado diz que, a chave de intercâmbio entre os povos reside em comunicação dos corações. A parte chinesa lançará uma série de projectos de intercâmbio entre os povos e de cooperação, a fim de estreitar os intercâmbios entre os dois povos e incrementar a compreensão mútua e a amizade. A cor verde tem sempre sido a cor própria da África. A China cooperará estreitamente com a África neste domínio, e providenciará fundos para promover os esforços da África em proteger os recursos de animal selvagem e enfrentar os desafios das mudanças climáticas, de modo que a bela China e a bela África auxiliarem um ao outro no desenvolvimento, de mãos dadas.
P: Nos últimos anos, umas mídias publicaram reportagens sobre o desequilíbrio do comércio sino-africano, os produtos chineses desclassificados exportados para a África, e violação dos regulamentos locais de trabalho por empresas chinesas. Quais são as suas vistas sobre tais problemas na cooperação sino-africana?
R: Com o rápido crescimento das relações sino-africanas em todos os domínios, as empresas dos dois lados têm encontrado "dores de crescimento", e surgem nas suas cooperações alguns novos problemas que exigem solução adequada. O Governo Chinês atribui alta atenção a tais problemas. Em vez de esquivar e esconder os problemas, a China está disposto a sentar-se junto com os países africanos para os resolver através de consulta séria com espírito de respeito mútuo, pragmatismo e eficiência. Gostaria de reiterar aqui que, a China vai continuar a desenvolver a cooperação com a África sob os princípios de sinceridade, igualdade, benefício mútuo e ganha-ganha, e instar com as empresas chinesas para que respeitem estritamente as leis e os regulamentos locais, e sejam responsáveis pela qualidade dos projectos empreitados e dos produtos fabricados e pelos consumidores, e assumam as devidas responsabilidades pela comunidade e ambiente local. Ao mesmo tempo, peço os relevantes países africanos para reforçar a regulação do mercado e as medidas de segurança pública, e proteger de acordo com as leis os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas na África, bem como a segurança pessoal dos seus trabalhadores.
De um ponto de vista global, os problemas são casos isolados na imagem toda da cooperação sino-africana, enquanto o constante aprofundamento de cooperação entre as duas partes nos últimos anos constitui a corrente principal e tendência geral. Em 2013, o volume de comércio entre a China e a África atingiu US$210 bilhões, o qual são 2000 vezes do valor de 1960. A China tem sido o maior parceiro comercial da África por 5 anos consecutivos. Actualmente, há mais de 2500 empresas chinesas estão a operar na África, criando mais de 100 mil empregos para comunidades locais. No ano passado, mais de 1.4 milhões visitantes chineses viajaram para África, trazendo enorme quantidade de receita cambial para a África. Segundo um relatório do FMI, a taxa de contribuição da cooperação sino-africana para o desenvolvimento da África já superou 20%. O "factor chinês" tem sido cada vez mais notável no desenvolvimento da África. A cooperação sino-africana tem trazido benefícios reais para os dois povos e tem amplas perspectivas.
P: A China é acusado por umas mídias como prosseguir "neo-colonialismo" na África. Qual é a sua opinião?
R: A China e os países africanos são irmãos compartilhando felicidade e angústia e parceiros comprometidos com o desenvolvimento comum. Na sua cooperação com a África, a parte chinesa tem sempre insistido nos princípios de igualdade, benefício mútuo, pragmatismo, eficiência, sinceridade e credibilidade, as suas ajudas à África nunca foram anexadas com condições políticas, os quais têm sido a prática das décadas e nunca foram desviados. A cooperação sino-africana tem contribuído positivamente para o desenvolvimento da África, sobretudo nas áreas do desenvolvimento social e do bem-estar do povo. O objectivo do qual é melhorar o ambiente de investimento da África e o nível de vida dos povos locais. Os numerosos projectos de infra-estrutura construídos com a ajuda chinesa, incluindo escolas, hospitais, estádios, sistemas de abastecimento de água e de energia, etc., têm facilitado as condições de vida e de trabalho do povo africano. A fim de diminuir os fardos da África, a parte chinesa reduziu e aliviou as dívidas contraídas pelos países africanos até o fim do ano 2013, num valor total de 20 bilhões RMB(yuan, moeda chinesa). A fim de aumentar a capacidade de auto-desenvolvimento da África, a China tem ajudado os países africanos a desenvolver os próprios completos sistemas modernos de indústria manufactora e de agricultura, através de promover a cooperação industrial e financeira entre os dois lados, consolidando constantemente a base da cooperação sino-africana. Para a China e a África, o outro nome da cooperação é oportunidade e ganha-ganha.
Tanto a China como muitos países africanos foram sujeitos a agressão externa e tiveram história miserável de ser governado sob regime colonial ou semi-colonial. "Não faças aos outros o que não quiseres que te façam" é uma idéia tradicional de milhares de anos da China, e também o conteúdo importante da civilização chinesa. O chamado "neo-colonialismo chinês na África" é uma acusação falsa inconsistente com idéia e cultura tradicional chinesa, e não reflecte a realidade da cooperação amigável e da igualdade e benefício mútuo entre a China e a África. Muitos líderes africanos disseram em público que, com a história de colonialismo, a África conhece o que significa o colonialismo, e que os países africanos não serão enganados por tais acusações. Queria assegurar aos amigos africanos com toda a seriedade que, a China nunca vai seguir o antigo caminho de colonialismo percorrido pelos outros países, e nunca vai permitir o colonialismo que já foi uma parte do passado seja repetido na África. A China queria ser para sempre amigo confiável e parceiro sincero do povo africano, contribuindo para os esforços da África na sua construção da bela casa continente.