Hugo Tichkler, de 25 anos, trabalhou numa estação de televisão na Inglaterra depois de se formar duma universidade local. Tinha uma renda estável e gozava de uma vida confortável. Ele disse que veio à China porque queria ganhar uma experiência diferente.
"Quando eu trabalhava na Inglaterra, meus pais não sabiam o que me dar de presente de aniversário, porque não me faltava nada. Aí decidi estudar um novo idioma. Optei pela língua chinesa porque achava que o Chinês seria muito popular no futuro. Fui fazer umas aulas. Depois de trabalhar por um ano, decidi fazer uma pausa na minha vida. Vim à China para viajar e pratiquei um pouco o Chinês que aprendi no meu país. Passei duas semanas em Pequim e me senti muito bem. Tomei a decisão de ficar mais algum tempo aqui para ganhar inspiração e coletar materiais para o meu futuro trabalho. Fala-se aqui em Pequim o mandarim mais correto e a Academia de Filme de Pequim oferece o melhor curso de filmagem. Cá estou."
Antes de vir à China, Hugo nunca tinha morado num país estrangeiro por um longo prazo. Na Inglaterra, ele tinha, como diretor, uma equipe de trabalho com tarefas bem definidas. Em Pequim, ele tem que fazer tudo sozinho, incluindo o roteiro, a escolha dos atores, a filmagem, a luz e a edição. Hugo disse que ele prefere fazer curtas.
"Produzi uma curta de três minutos. O ator foi um estudante japonês da nossa academia. Ele não tinha experiências como ator, mas gosta de representar. Contamos a história de um homem que perdeu seu amor. Foi bastante comovente."
Hugo disse que não gosta de ir a bares ou discotecas nos tempos livres. Ele nunca esteve na famosa rua Sanlitun, onde se encontram bares e cafés. Hugo prefere bater papo com seus amigos chineses e jogar futebol com seus colegas. Para ele, conhecer pessoas é a melhor forma de conhecer um país.
"Estou na China. Se eu quiser ir a um bar igual aos que existem no meu país, eu posso voltar para minha terra. Eu gosto de ficar sozinho, ou conversar com meus amigos, ou sentir a cultura chinesa. Faço muita amizade com meus colegas na equipe de futebol da universidade. Eles sempre me convidam a casas deles."
Para Hugo, os cineastas chineses não devem simplesmente copiar o modelo de Hollywood. O que o filme deixa para a gente não deve ser somente imagens, mas obras onde depositam as esperanças e os sentimentos.
"O filme chinês de que gosto mais é Flores da Guerra. Por um lado, o ator é um britânico. Por outro lado, o filme aborda uma história de mulheres. Num contexto tão caótico, as pessoas ainda mantêm o amor por si mesmos e pelos outros. Do filme, você vê a sinceridade e a ajuda mútua, coisas muito preciosas para nossa vida real."