Antes de chegar a Jincheng, pouco ou nada sabia sobre a cidade. A pouca informação que tinha, resumia-se à sua localização geográfica: Jincheng localiza-se no sul da província de Shanxi, já na fronteira com a região vizinha, Henan. Porém, e como por várias vezes já experienciei na China, a surpresa, é um fator sempre presente, e sempre, pelos bons motivos.
Logo à chegada, e depois de um percurso de duas horas de ônibus, que nos trouxe desde da capital da província de Henan, Zhenzhou, susti a respiração perante a majestosa paisagem recortada por vales e montanhas. A imagem do interior chinês que desde novo guardo no meu imaginário, abriu-se finalmente diante dos meus olhos, e em todo o seu esplendor. Uma longa cadeia montanhosa, que se estende desde do extremo sul da cidade até ao centro, num percurso de cerca de uma hora.
Mas o dia estava apenas a começar, e cedo percebi, que Jincheng tem muito mais para oferecer do que magníficas impressões paisagísticas. À chegada, fomos imediatamente recebidos com um banquete digno de rei: geléia frita, macarrão com forma de girino, e peixe cozido, foram algum dos pratos locais que tivemos a oportunidade de provar.
Já bem "abastecidos" pela fantástica gastronomia local, chegou finalmente a hora de ficarmos a conhecer os tesouros de Jincheng. A começar pelo Museu de Planejamento Urbano da cidade, onde ficamos a saber o que já foi feito e o que está planeado construir ao longo dos próximos 7 anos, até 2020. Jincheng é uma cidade que assistiu a um rápido processo de urbanização, desde 1985, o centro principal da região cresceu 30km2, mas o que surpreende é que este mesmo crescimento acelerado foi feito ordenadamente, conservando o seu patrimônio, e acima de tudo o seu meio-ambiente. A cidade é feita de parques, lagos, e as suas avenidas decoradas com belos jardins. Com especial destaque para Baimasi, uma imensa reserva natural, com 60 km2, que constitui um verdadeiro pulmão para a cidade, e onde se realizam várias atividades culturais, e estão situados alguns dos templos budistas mais emblemáticos da região.
Porém, se Jincheng é hoje uma cidade onde os locais se reúnem nos espaços públicos para fazer exercício físico, e praticar Taichi, a verdade é que isto é uma realidade recente. Até há poucos anos, a região sofria com graves problemas de poluição, causados pela intensiva extração de carvão. Após um investimento de 200 milhões de yuan, cerca de 32 milhões de dólares americanos, pelo governo local, a cidade sofreu uma profunda alteração e exibe-se hoje como uma cidade modelo de sustentabilidade, com 29 parques e sete parques florestais. Um total de 20 mil hectares de espaços verdes, combinados com infra-estruturas modernas, e bons equipamentos.
Mas porque nem só de matéria é feita uma cidade. O final deste primeiro dia em Jincheng, ficou marcado pela vista ao museu em homenagem ao emblemático escritor chinês Zhao Shuli. O intelectual nascido em Jincheng, no ano de 1906, foi autor de obras como "O Casamento do Jovem Blacky" e "Os Ritmos de Li Youcai", obras que descrevem as tradições feudais e patriarcas, antecedentes à fundação da Nova China, em 1949, onde o amor e o casamento eram condicionados por restrições familiares. O museu em honra de Zhou Shuli, revela-nos o seu percurso como escritor, sempre dedicado a descrever a situação dos menos favorecidos, sobretudo a realidade dos camponeses.
Amanhã, o dia começa cedo, com uma visita à aldeia antiga de Huangcheng. Um regresso ao passado de Jincheng, que promete ser rico em mais tesouros culturais e paisagísticos, que logo irei partilhar com o leitor. Não perca!