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Diário do Miguel Torres 15-04-2013
  2013-04-16 09:36:37  cri
Conta a sabedoria popular chinesa, num desses dizeres passados de geração em geração e por todos conhecido, que "em cima" está o Paraíso e "em baixo" Suhang (contracção das cidades Suzhou e Hanzhou). Deixando de lado o que perdido nas nuvens se encontra e focando-nos naquilo que sobre a terra existe, no primeiro dia de visita a Hangzhou, e apesar do programa do dia bastante preenchido com actividades que não propiciaram uma visita digna desse nome pela cidade, é já bastante evidente que a fama de beleza de que goza esta terra é totalmente justificada.

Apesar da manhã de céu azul e sol glorioso, deixámos para trás uma Pequim que teima em não se despedir do inverno e onde o frio ainda se sobrepõe às investidas primaveris. Bem instalados nos cadeirões de uma moderna carruagem de comboio, apontámos a mira a sul e preparámo-nos para as horas de viagem que nos esperavam. Embalados pela cadência do comboio que corria sobre a linha férrea, fomos alternando entre as leituras escolhidas para o percurso, o natural cambalear de cabeça impossível de evitar nestas ocasiões e a contemplação da paisagem que, parecendo correr na direcção contrária à nossa, se alterava.

Vimos a moderna arquitectura de Pequim ser substituída pelo verde dos campos cultivados e das estufas montadas em zonas onde a ruralidade ainda é a nota dominante. Atravessámos as regiões de Tianjing, Shandong e Jiangsu e à medida que comíamos caminho e diminuía a distância até Zhejiang (província da qual Hangzhou é capital), aumentava, em proporção, a temperatura exterior anunciada no mostrador eléctrico do interior da carruagem.

À chegada a Hangzhou, recebeu-nos uma temperatura de 32 graus que tornou a roupa adequada a Pequim perfeitamente desajustada aqui. Nada que chateasse, pois quem não recebe de braços abertos a muito esperada primavera depois de tanto tempo sob o jugo do inverno?

E primavera será, porventura, a definição ideal de Hangzhou. Da janela do autocarro que nos levou da estação do comboio até à Universidade de Agricultura e Silvicultura de Zhejiang, onde daríamos início ao programa elaborado para a nossa visita, debruçámo-nos sobre uma cidade coberta por um manto de vegetação de força extraordinária e de verde luxuriante! Aqui, ao contrário de muitas outras cidades desenvolvidas onde a presença da natureza parece acontecer devido a uma autorização especial concedida pelo homem no seu caminho de urbanização, as árvores, arbustos e flores dominam agradavelmente a paisagem. Os edifícios espreitam por entre a folhagem, embrenhados nesta vitalidade que tanta beleza e frescura derrama sobre as ruas. Por mais voltas que se dê (e demos nós muitas, no longo caminho que ainda percorremos entre a estação do comboio e a universidade), o verde e a água que corre nos canais e lagos que se abrem a cada esquina surgem como denominador comum a toda a cidade. E basta um relance, através da janela de um autocarro em andamento, para poder dizer com bastante confiança que Hangzhou é sem sombra de dúvida uma belíssima cidade!

Para além da sua evidente beleza, Hangzhou é uma cidade conhecida por ter uma fortíssima cultura de chá. E o chá será, nos próximos dias, o farol da nossa exploração na região. Devido a isso, à chegada à universidade, e depois de tratarmos de pormenores mais práticos como pousar as malas nos quartos de hotel, fomos recebidos pelos responsáveis do Departamento de Estudos da Cultura do Chá, que tinham preparada uma introdução geral à história da utilização da planta do chá, bem como os seus diferentes tipos. Fizeram-nos uma simpática visita guiada às instalações da universidade, através de salas onde frascos e frascos contendo folhas de chá se multiplicavam em rótulos nunca antes por mim lidos e que iam muito além dos clássicos chá verde, preto ou vermelho. Tivemos a sorte de apanhar uma aula onde, frente a uma turma de atentas raparigas, uma elegante professora preparava com especial atenção aos detalhes três chávenas de chá, seguindo um ritual claramente fruto de muita prática e anos de aperfeiçoamento, emanando uma calma e um respeito pela bebida que roçavam o espiritual.

A nossa visita terminou com um banquete servido, com bastante entusiasmo, pelos alunos do departamento de cultura de chá. A ementa, constituída por um sem fim de demonstrações do que é possível fazer com diferentes chás no campo da gastronomia, foi sendo revelada prato após prato: sopa de bola de peixe em caldo de chá; bolo de chá verde; ovo cozido em chá; arroz com molho de chá; costeleta de porco com chá; sorvete de chá verde com amêndoa, só para nomear algumas das iguarias que nos animaram a noite.

Está assim dado o mote desta viagem de descoberta de Hangzhou e da sua relação com o chá. O que vimos neste primeiro dia serviu-nos para, longe de satisfazer a curiosidade alimentada por tão grandes expectativas, querer viver mais esta que é uma das mais conhecidas cidades da China.

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