Web  portuguese.cri.cn  
"Países do BRICS devem acelerar cooperações de comércio e de investimento com uma mente aberta" - Entrevista com Yao Zhizhong, Diretor de Estudo sobre o Brics
  2013-03-21 16:57:25  cri

O diretor de Estudo sobre BRICS da Academia de Ciências Sociais da China, Yao Zhizhong, atendeu na terça-feira (19) a Agência de Notícias Xinhua para uma entrevista com sobre a 5ª cúpula dos Brics e questões relacionadas.

Repórter: (R): Os chefes dos Estados membros dos BRICS vão participar na 5ª Cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que será realizada na cidade de Durban, África do Sul. As cooperações dos BRICS entram no quinto ano e já têm uma grande influência no mundo. O que significa esta reunião, considerando-se também que coincide com a primeira visita de Xi Jinping ao exterior depois que foi eleito presidente da China?

Yao Zhizhong (Y): Os chefes do bloco vão se encontrar, pela 5ª vez consecutiva, na cúpula dos Brics. Eles divulgarão suas opiniões sobre questões mundiais e promoverão cooperações práticas. O mecanismo do bloco é positivo e a participação do presidente chinês demonstra que a China vai continuar apoiando o mecanismo e prestará mais atenção ao seu desempenho no mundo.

R: Os países do BRICS já são uma importante força para enfrentar a crise financeira internacional, estimular o crescimento econômico mundial, aperfeiçoar a administração da economia global e para promover a democratização das relações internacionais. Então, quais serão os destaques desta 5ª Reunião e que êxitos poderão ser obtidos?

Y: Para mim, os destaques serão de três aspectos. Em primeiro lugar, será o primeiro encontro internacional em que Xi Jinping participa como presidente chinês. Segundo, a cúpula era um encontro interno entre os membros dos BRICS, no entanto, este ano o bloco vai realizar diálogos com outros países africanos. E por fim, algumas cooperações práticas podem ser concretizadas durante a cúpula. Por exemplo, a realização do estabelecimento do Banco dos Brics e a criação de um fundo virtual de reservas. Isso será um grande êxito. O Banco dos Brics funcionará como o Banco Mundial e é uma instituição que financiará o desenvolvimento. E o fundo virtual agirá como Fundo Monetário Internacional para ajudar seus membros em um eventual momento de crise. As duas instituições podem contribuir muito com a administração dos BRICS.

R: Os Estados Unidos aplicam sua estratégia de "Reequilíbrio da Ásia" e, nesse contexto, a China coopera com os BRICS e participa ativamente na construção do mercado emergente. O que significam as ações da China?

Y: A estratégia norte-americana é para conseguir segurança na região, entretanto a meta dos BRICS é para o desenvolvimento e administração global. Mesmo que cada país do bloco de forma individual não supere os Estados Unidos e a União Europeia em relação ao PIB e economia, quando juntos, o volume total de PIB dos cinco estados ultrapassa um quarto do volume mundial. Os EUA e UE possuem cerca de um quinto do volume mundial. Como a união, os BRICS têm uma grande força, que pode ajudar no equilíbrio econômico do mundo. Isto é muito importante.

R: Os BRICS mantêm um crescimento rápido e desempenham um papel cada vez mais importante na economia mundial. Mas a sua posição na administração global não avança bastante. Por que isso e o que o bloco pode fazer para mudar a situação?

Y: A ordem econômica é dominante pelas economias, como EUA e UE, e isto é a principal razão. A economia dos BRICS está crescendo e também as suas demandas para participar da administração global. Mas não é fácil convencer as economias desenvolvidas a desistir de seus domínios. Por exemplo, uma reforma monetária mundial foi permitida na cúpula de G20 em 2009, mas ainda não foi concretizada, pois o Congresso Nacional norte-americano não aprovou o projeto.

Com uma economia maior que EUA e UE, os BRICS têm direitos e obrigações para obter mais direito de falar ao mundo. Para realizar essa meta, os estados-membros do bloco devem reforçar ainda mais as cooperações e estarem mais unidos.

R: Atualmente, como são as cooperações entre a China e outros quatro países e quais desafios e oportunidades a China enfrentam?

Y: As cooperações entre a China e outros quatros países do bloco ainda estão num nível muito mais baixo que o com Estados Unidos e União Europeia, e também em um nível mais baixo do que com os países vizinhos na Ásia.

Uma razão é que os principais parceiros tradicionais de comércio da China são países asiáticos, EUA e UE. E por outro lado, ainda enfrenta barreiras institucionais de cooperação com outros membros dos BRICS. Por exemplo, as cooperações financeiras entre a China e esses quatros países aumentaram rapidamente, mas as do setor de comércio e investimento desenvolveram muito devagar. O maior desafio é a questão de equilíbrio dos interesses internos dos países. É verdade que a abertura econômica pode influenciar algumas indústrias entre esses países. A preocupação de ser influenciada vai impedir as cooperações comerciais dentro do bloco.

De fato, essas preocupações são desnecessárias. A experiência de adesão chinesa à Organização Mundial do Comércio (OMC) provou que a abertura faz bem ao desenvolvimento do país.

R: O continente africano se desenvolve mais devagar que outras regiões do mundo. Nos últimos anos, o continente está mais estável e tem crescido economicamente. Devido aos diversos recursos e força de trabalho, a perspectiva do mercado é boa. O que significa a realização da Cúpula dos BRICS na África este ano?

Y: No início das cooperações dos BRICS, o bloco foi posicionado como uma organização dos países emergentes e foi reconhecido como uma organização para ganhar mais direito de expressar ao mundo o posicionamento dos países emergentes. Os BRICS são os mais desenvolvidos entre as novas economias do mundo. Mesmo como países em desenvolvimento, os estados-membros do bloco vão pensar mais sobre o desenvolvimento africano.

R: A Europa ainda está presa pela crise financeira. Preocupa-se que a incerteza da economia europeia possa provocar uma nova rodada de crise para economia global. Nesse contexto, quais desafios e oportunidades vão enfrentar os mercados emergentes?

Y: A economia europeia influenciou muito os BRICS. A incerteza das economias desenvolvidas vai provocar grande influência aos BRICS, mas o bloco não pode estimular a economia como o que os EUA e UE fazem. Os BRICS devem participar mais nos assuntos internacionais e evitar tanto quanto possível as consequências negativas provocadas pelas políticas das economias desenvolvidas, como a política de flexibilização quantitativa dos Estados Unidos e as possíveis violações de contrato sobre dívida.

R: A União Europeia declarou o começo de negociações com os EUA sobre as relações de parceria de comércio e investimento. Esse maior acordo de livre comércio na história visa diminuir a tarifa entre os dois lados para zero. O projeto vai mudar as regras do comércio mundial, e isso deve se completar nos próximos dois anos. Para as novas economias como BRICS, qual será a influência dessas mudanças?

Y: Os Estados Unidos sempre promoveram, com uma aceleração muita alta, a liberalização do comércio, como Tratado Norte-americano de Livre Comércio e as relações de parceria trans-pacífica. Junto com este acordo de livre comércio no Atlântico, o governo norte-americano estabeleceu sua sede comercial fora do OMC. Então, os Estados Unidos não promovem necessariamente as cooperações entre OMC e outros países, mas sim exportam suas regras para a OMC. Como o resultado, as novas economias estão forçadas a aceitá-las. O que as novas economias precisam fazer é o mesmo que os EUA já fizeram, ou seja, criar seus próprios tratados sobre comércio e investimento e realizar algumas atividades no setor.

R: Os BRICS fazem importante parte da diplomacia multilateral da China. A primeira visita do presidente Xi Jinping ao exterior foi marcada para que o presidente participasse da Cúpula dos BRICS. Quais projetos a China tem sobre a estratégia de diplomacia multilateral no futuro?

Y: O mecanismo dos BRICS é muito importante para a estratégia externa da China e é propício para a China desempenhar um papel mais relevante nos assuntos diplomáticos, como na ONU, G20, OMC e FMI. A economia chinesa desenvolve rapidamente. O país precisa estabelecer um ambiente para desenvolvimento pacífico e isto é uma importante meta da diplomacia chinesa. Outros estados-membros dos BRICS também são países em desenvolvimento e estão procurando mais espaço para se desenvolverem. Por isso, eles serão bons parceiros de desenvolvimento para a China. Ao mesmo tempo, os BRICS precisam criar uma ordem mundial mais equilibrada, que também atende a demanda chinesa.

 Imprimir  Comentar  Envie para um amigo
Leia mais
Comentário

v A aldeia fica no extremo norte da China

v Coleta de sal em Fujian, no sudeste da China
mais>>
Aviso Vídeo
Para conhecer a fundo o Fórum do Cinturão e Rota para Cooperação Internacional, só na Rádio Internacional da China.

Cobertura completa em todas as mídias e em 65 idiomas, transmissão ao vivo em chinês, inglês e russo, notícias em tempo real nas novas mídias para 29 idiomas, reportagens especiais para internet, em 39 idiomas, além das reportagens cooperativas com 130 rádios no exterior.

Fortalecer cooperações internacionais, construir em conjunto "Um Cinturão e Uma Rota", procurar o desenvolvimento de ganhos mútuos.

Ranking dos textos mais lidos
• Sala de visitas: O artista português Alexandre Farto, o Vhils, explica detalhes do seu estilo inovador, que já conquistou todos os continentes
• Sala de visitas: A jornalista brasileira Laís Carpenter fala sobre sua carreira e conta como veio morar na China
• Sabores do Brasil - Muqueca de Peixe e Camarão
• Entrevista com presidente da CMA Group do Brasil, José Sanchez
• Encontre aromas frescos do chá Tieguanyin em Anxi
• Entrevista com pianista portuguesa Marta Menezes
mais>>
Galeria de fotos

O primeiro trem maglev de Beijing foi testado no último sábado

Pinturas famosas foram transformadas pelo ilustrador chinês Along, utilizando o panda

A Pradaria de Hulunbuir é uma das quarto maiores pradarias do mundo

Um parque de estacionamento gigantesco e inteligente foi inaugurado em Beijing
mais>>

• Fanzine Nº2, 2017

• Fanzine Nº1, 2017
mais>>
© China Radio International.CRI. All Rights Reserved.
16A Shijingshan Road, Beijing, China. 100040