Delegado que investiga incêndio em Santa Maria já ouviu um dos três proprietários da boate e um dos integrantes da banda que teria provocado o fogo
Familiares iniciaram, no final da tarde deste domingo, o velório dos mortos no incêndio que atingiu a boate Kiss, em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul. O velório coletivo está sendo realizado em um ginásio do Centro Desportivo Municipal, ao lado do pavilhão para onde os corpos retirados da casa noturna foram levados. Alguns corpos deverão ser sepultados ainda neste sábado.
Músico: "Ficamos com medo de linchamento", diz guitarrista que tocava em boate
O guitarrista da banda Gurizada Fandangueira, Rodrigo Martins, afirmou em entrevista à Rádio Gaúcha que a banda está com medo de sofrer linchamento em Santa Maria, interior do Rio Grande do Sul. Eles temem serem responsabilizados pelas 232 mortes no incêndio provocado por um sinalizador usado pela banda no show, que queimou o teto da casa noturna Kiss na madrugada deste domingo.
"Ficamos com medo de linchamento", disse ele ao ser questionado sobre a reação da população.
Ele afirmou que essa responsabilização é injusta porque ninguém na banda teria a intenção de provocar o acidente, que vitimou o sanfoneiro do grupo, Danilo Jaques.
Segundo testemunhas, a casa não teria saídas de emergência suficientes. Segundo a Polícia Civil de Santa Maria, o local possui uma única saída de acesso. No entanto, ainda é cedo para confirmar as denúncias.
O caso foi registrado no 1º DP, de Santa Maria, que irá investigar a apontar os culpados no caso. Uma delegada chegou a comentar as denúncias em entrevista à Rádio Gaucha. Segundo a policial, um dos proprietários da boate Kiss se apresentou ao DP e iria ser ouvido. "Somente após os depoimentos poderemos questionar essas informações", disse.
Testemunhas: Saída principal da boate estava fechada após incêndio
Testemunhas usam as redes sociais para comentar a tragédia na boate Kiss , no centro de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, neste domingo. "No início do tumulto, (os seguranças) tentaram segurar as portas e manter as pessoas ali para não deixassem a boate", disse Murilo de Toledo Tiecher em sua página do Facebook.
O comandante Guido, que participou da retirada dos corpos, confirmou os boatos em entrevista à Globonews. "O segurança trancou a saída das pessoas que estavam no local, não permitindo que elas saíssem rapidamente. Isso causou pânico e tumulto". Ainda segundo ele, a maioria das pessoas acabou morrendo por asfixia, pela inalação da fumaça tóxica. "A saída principal estava trancada no momento da saída".
No local, também ocorreu a identificação das vítimas . De acordo com o governo do Estado já foram identificados 229 dos 230 corpos e falta apenas o de uma mulher. Além da movimentação de familiares e amigos, muitos voluntários caminham pelo local, distribuindo água e comida.
A maioria dos mortos na boate era de jovens, já que a cidade abriga várias instituições de ensino superior. Muitos deles morreram por asfixiamento por inalação de fumaça tóxica.
Fonte: iG São Paulo