Sérgio Amaral, presidente do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), diz ao site de VEJA que a transição de poder na 2ª maior economia do mundo pode trazer benefícios à exportação brasileira
Dois dias após o mundo saber que Barack Obama continuará na presidência dos Estados Unidos nos próximos quatro anos, a China deu início ao 18º Congresso do Partido Comunista, que escolherá os líderes da sigla para a próxima década. A reunião não define apenas a nova cúpula, mas também o próximo dirigente da segunda maior economia do mundo. Para o presidente do Conselho Empresarial Brasil-China e ex-ministro do Desenvolvimento, Sérgio Amaral, o Brasil pode ficar tranquilo ante as alterações por que passará o país – seu principal parceiro comercial. Segundo ele, a intenção de Pequim, que deve ganhar força na nova estrutura política, de fomentar o mercado interno implicará demanda pujante para as exportações nacionais.
De acordo com o ex-ministro, ao contrário do que foi visto nos Estados Unidos, que, às vésperas da eleição, tinha os candidatos Mit Romney e Barack Obama empatados; a transição política na China não trará surpresa. No encontro, o secretário-geral do partido, o atual vice-presidente, Xi Jinping, será nomeado chefe de estado. O evento, que teve início nesta quinta-feira, vai se prolongar até 14 de novembro. Se por um lado as cartas estão marcadas, a dificuldade é prever quais serão as mudanças nas esferas política e econômica que Pequim realizará nos próximos anos.
Depois ter crescido cerca de 10% ao ano na última década, o Produto Interno Bruto chinês deve encerrar 2013 com alta perto de 7,5%. Ante a conjuntura internacional desfavorável, não é exagerado dizer que os chineses terão de se acostumar a um padrão de expansão aquém do que estão acostumados. É neste contexto que a potência asiática já sinalizou que deve voltar seu ferramental de política econômica para seu mercado doméstico – num esforço de compensar a fraqueza da demanda externa. Perante a mudança, banqueiros e empresários perguntam-se qual seria o impacto disso para a economia global – tendo em vista que a China tem forte participação no comércio internacional como fornecedora e compradora. Fazer apostas seguras, no caso de uma nação tão fechada e pouco transparente, é complicado. Contudo, na avaliação de Amaral, tudo indica que o Brasil deverá continuar a contar com o apoio da economia chinesa para seu desenvolvimento.