O Presidente Hu Jintao abriu o 18.º Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), em Pequim, nesta quinta-feira, com um discurso recheado de frases sonantes. Uma delas, sobre os riscos da corrupção, polariza nesta manhã as atenções mediáticas, sobretudo fora da China.
"Se não lidarmos bem com este assunto [a corrupção], isto pode tornar-se fatal para o partido, e até causar o colapso do partido e a queda do Estado", alertou Hu Jintao, que está de saída do cargo. O discurso de abertura, dirigido a 2268 delegados oriundos de todo o país, fez a apologia dos últimos dez anos de vida do regime que, segundo Hu Jintao, deve fazer todos os esforços para combater a corrupção, segundo noticia a agência de notícias chinesa Xinhua.
"Os responsáveis políticos, em qualquer posição, mas especialmente os de topo, devem respeitar o código de conduta para uma governação transparente", frisou Hu Jintao, que será substituído no final deste Congresso, após uma década na Presidência. "Eles [os responsáveis políticos] devem exercer uma auto-disciplina rígida e fortalecer a educação e a supervisão sobre as famílias e os seus gabinetes e nunca deverão procurar privilégios", prosseguiu o ainda líder chinês, segundo a mesma agência oficial chinesa.
Recusa do modelo ocidental
No longo discurso, Hu Jintao prometeu continuar os "esforços activos e prudentes" para reformar a estrutura política e tornar mais extensiva a democracia popular", mas assegurou que Pequim "nunca irá copiar o sistema político ocidental".
Sobre a economia, o líder cessante disse que o caminho é o "socialismo chinês". "A questão do caminho que tomamos é vital para o partido e para o futuro da China, para o destino da nação e o bem estar do povo", sublinhou, exaltando a escolha feita nas últimas décadas como o caminho correcto, de acordo com a agência Xinhua. Para lidar com as circunstâncias difíceis "tanto no plano interno como no plano externo", com "o fosso entre pobres e ricos a alargar", foi possível à China construir uma "sociedade moderadamente próspera", disse Hu Jintao, de acordo com o jornal The New York Times.
"Ao longo dos últimos cinco anos, conseguimos grandes sucessos em todos os aspectos. A reforma e a abertura avançaram e o nível de vida das pessoas aumentou claramente", defendeu. No futuro, o país deve guiar-se pelo "socialismo científico" e pelo "socialismo de características chinesas", expressão que mereceu dezenas de referências no discurso de abertura do Presidente. "Em conjunto com o marxismo-leninismo, o maoísmo e as teorias de Deng Xiaoping, o enquadramento científico do desenvolvimento deve ser a linha teórica que o partido deve adoptar por muito tempo, defendeu Hu Jintao, segundo a agência Xinhua. Outra referência importante: a teoria dos três representantes, desenvolvida por Jiang Zemin, que permite a inclusão de empresários dentro do partido.