Por BBC Brasil
A China trata o Brasil de maneira diferente dos demais países latino-americanos por conta da menor 'ingenuidade' do governo brasileiro na relação bilateral, na visão da analista política Julia Strauss, considerada uma das maiores autoridades do mundo ocidental em assuntos governamentais e sociais da China.
Atualmente lecionando na Universidade de Londres, ela é ouvida por formadores de políticas dos Estados Unidos e da América Latina. Por mais de uma década até 2011, Strauss foi editora do China Quarterly, a renomada publicação da Cambridge University Press que é redigida e analisada por acadêmicos especializados nos mais diversos aspectos do governo e da sociedade chineses.
Em entrevista à BBC Brasil em recente visita a Washington, Strauss afirmou que o Brasil tem uma posição mais dura de negociação e compete diretamente com a China em questões como os investimentos na África, por exemplo. "Dilma Rousseff não é alguém com quem se pode brincar. O governo brasileiro não vai ceder à China em negócios com a África", disse.
BBC Brasil: A China está escolhendo seus novos líderes. Qual é a sua expectativa para o país em mundo cada vez mais globalizado?
Strauss: Um aspecto da globalização é que todos somos produtores e consumidores. Como a China é maior, ela pode produzir mais. Mas ainda não sabemos como as companhias chinesas vão mudar, conforme os salários sobem no país, para se adaptar a uma economia mais baseada em pesquisa e desenvolvimento e conhecimento.
Mas a China tem uma visão de longo prazo, com as decisões que o país está fazendo agora em investimentos em ensino, que não vejo nos Estados Unidos nem na América Latina. Por isso, acredito que a China provavelmente vai ficar muito à frente dos outros países em ensino e tecnologia.