A partir de 1981, a acrobacia chinesa começou a ganhar visibilidade e a destacar-se nas mais importantes competições nacionais e internacionais. Com mais de 150 medalhas de ouro na modalidade, a China é considerada a "potência mundial da acrobacia".
No entanto, muitas das peças de acrobacia chinesa não têm sido absorvidas pelo mercado internacional.
O diretor do departamento de relações exteriores da Associação de Acrobacia da China, Sr. Mi Lu, viveu de perto esta dificuldade. Em 1989, quando começou a orientar equipes para competições internacionais de acrobacia, trabalhava no Ministério de Cultura da China. Sobre a necessidade de internacionalização desta modalidade, Mi Lu diz:
"Seja qual for o produto, se ele não for absorvido pelo mercado internacional, então não terá futuro. Por exemplo, temos cem obras com medalha de ouro em competições internacionais, mas 80 não conseguiram penetrar este mercado. Se um espetáculo não o conseguir fazer durante muito tempo, as atrizes vão ficando mais velhas e não podem continuar a fazer acrobacia. O espetáculo estará caminhando para o fim."
Mas como entrar no mercado estrangeiro? Esta é uma questão que, nos últimos anos, tem preocupado os órgãos e delegações de espetáculos chineses.
Falemos de casos bem-sucedidos: A Companhia de Artes Cênicas de Shanghai. Este grupo produziu uma peça de teatro, que mistura ballet e acrobacia.
Em 2002, o espetáculo original venceu o prêmio Palhaço de Ouro na Feira Internacional de Circo em Monte Carlo. A Companhia de Artes Cênicas de Shanghai apercebeu-se do valor comercial do produto e pôs mãos à obra. Para montar o espectáculo, empregou especialistas em várias áreas: luz, dança e arte cênica.
O grupo produziu uma nova peça teatral de dança ballet com acrobacia "O Lago dos Cisnes".
Em Março de 2005 a peça subiu aos palcos de Shanghai. Depois chegaram os convites para representar lá fora.
O diretor desta companhia, Sun Mingzhang, revelou:
"O primeiro espetáculo no exterior realizou-se no teatro do Palácio do Kremlin em Moscou com 5.500 assentos. A Rússia é a terra natal do ballet e da acrobacia e o nosso espetáculo combina acrobacia e ballet, o que para os espectadores era inimaginável. Depois disso fomos a São Petersburgo e fizemos uma viagem pelo Leste da Europa. No segundo e terceiro ano, a peça passou pela Alemanha, Áustria e Suíça."
Os investimentos atingiram US$ 12,8 bilhões e até 2009 as receitas dos espetáculos chegaram aos US$ 7,2 bilhões. A marca "O Lago dos Cisnes" acabou por destacar-se. Entretanto, no final do ano passado, foi produzida uma nova peça com um registro semelhante: "Nutcracker - Sonho no Mar". O espectáculo combina acrobacia, magia, hip pop e outras componentes visuais.
A partir do final deste ano, a peça vai percorrer a Europa, numa digressão de cinco anos. Quanto aos pontos chaves do sucesso destes espetáculos no exterior, Zhang explicou:
"Tem de ter a sua própria marca, um estilo próprio; aquilo que os espectadores querem ver. Além disso, deve ser bem divulgada e é importante encontrar parceiros locais."
A marca é considerada o ponto chave para a entrada do produto no mercado internacional, sublinhou Zhang.
Também o presidente da Corporação da Cultura ao Exterior da China, Zhang Yu, apontou a importância da marca na Cúpula de Desenvolvimento Cultural e Comercial da China:
"Todos os países são diferentes culturalmente. Os produtos culturais vão encontrar obstáculos de divulgação e no processo de comercialização internacional. Por isso, tem de se criar produtos culturais, que combinem com as características nacionais e a demanda internacional. As empresas culturais chinesas precisam de criar a sua própria marca e os produtos culturais que o mundo e mercado estão à procura."
No 12º plano qüinqüenal aprovado pelo governo chinês, prevê-se um aumento dos recursos culturais e artísticos. O governo acredita que é importante trabalhar os recursos domésticos de boa qualidade de forma a penetrar o mercado internacional.
Se o país tiver mais exemplos como a Companhia de Artes Cênicas de Shanghai, então a acrobacia chinesa só ficará a ganhar.