Atualmente, muitos dos países em desenvolvimento enfrentam o problema comum de verem a sua cultura rejeitada por outros países, apesar do crescente volume do seu comércio exterior. Nos últimos 30 anos, e desde o início da Reforma e Abertura, o desenvolvimento da economia chinesa abalou o mundo. Porém, enquanto os produtos Made in China se encontram por todo o lado, a idéia que existe da China para os povos de muitos países, continua a ser a de o país asiático misterioso e atrasado. Devido à falta de conhecimento sobre a cultura chinesa, alguns países se preocupam com os impactos do desenvolvimento do país, o que resulta na elaboração da chamada tese da "ameaça chinesa".
O ex-embaixador da China para o Brasil, Chen Duqing, dedicou-se à divulgação da cultura e História chinesa no Brasil. Ele disse durante a entrevista que embora a China seja o maior parceiro comercial do Brasil, e o gigante da América Latina o maior parceiro da China na região, os dois povos desconhecem-se mutuamente.
"Meus amigos brasileiros comentam que apesar do trabalho por mim desenvolvido, o conhecimento do Brasil sobre a China ainda é muito escasso. O povo brasileiro conhece a China devido à Olimpíadas e outras ocasiões marcantes, mas, de modo geral, o conhecimento é irrelevante. O povo chinês também pouco conhece do Brasil. Sabe acerca do futebol, café, samba, mas, de resto, não conhece. Então, para as relações alcançarem a um nível mais satisfatório, os dois lados têm que trabalhar, e especialmente na área cultural."
Chen considera que para alterar essa situação, o país deve promover o intercâmbio cultural, a par do desenvolvimento da economia, para que os povos do mundo conheçam os princípios da cultura chinesa e eliminem os mal-entendidos.
Em Outubro de 2011, a sexta Sessão Plenária do 17º Congresso Nacional do Partido Comunista da China aprovou o programa "Apresentar a cultura chinesa ao mundo". O diretor do Departamento da Indústria Cultural do Ministério da Cultura da China, Liu Yuzhu, fez uma interpretação sobre a estratégia do governo.
"O governo promove a apresentação da cultura chinesa ao mundo não só para ampliar a força cultural, ou reforçar a presença no mercado internacional. O principal objetivo é que a cultura chinesa se integre na cultura mundial, e que os produtos e serviços culturais da China vão além-fronteiras, realizando o intercâmbio com diferentes países e regiões. Observamos que estão surgindo no mundo várias opiniões sobre o desenvolvimento da China, incluindo a tese da ameaça chinesa. Para eliminar essas opiniões erradas, temos que apresentar a nossa cultura tradicional e contemporânea ao mundo, para que os outros povos conheçam o conceito de princípios dos chineses, e as nossas opiniões sobre o mundo, a cultura, o desenvolvimento pacífico, etc. Com o fim de concretizar o entendimento e o respeito mútuo entre toda a humanidade."
Por outro lado, cada nação no mundo tem sua própria cultura e essas culturas ricas e únicas constituem a diversidade da civilização humana. Qualquer cultura tem o sentido de existência, e vontade de se manifestar junto de todas as pessoas. Ela também tem a missão de apresentar os seus povos a outras nações.
A UNESCO aprovou a Convenção para a Proteção e Promoção da Diversidade da Cultura em 2005. Mais de 160 países assinaram esse acordo, o que demonstra que já é do conhecimento comum o significado da diversidade cultural para a sobrevivência da humanidade. O vice-diretor do Instituto de Difusão da Universidade de Comunicações da China, Liu Chang, considera que o programa do governo chinês corresponde ao princípio da proteção da diversidade cultural.
"O programa de apresentação da cultura chinesa ao mundo, estabelecido pelo governo chinês, corresponde à iniciativa da ONU de proteger a diversidade cultural e promover o intercâmbio entre diversas culturas. O avanço da cultura no mundo não é um resultado direto do crescimento económico, como entendem algumas pessoas erradamente. Isso não é a realidade. Sempre respeitamos todas as culturas, inclusive as respectivas diferenças. Só que quando a posição do país era baixa, éramos incapazes de realizar um intercâmbio com o exterior, enquanto os outros países, mais fortes, tinham vantagem nessa área. Agora, estamos corrigindo esse desequilíbrio, com resultados satisfatórios, e podemos fazer esforços para que o intercâmbio cultural com o exterior volte a um estado normal. Essa é a essência do programa de apresentação da cultura ao mundo, pois, a cultura é a forma mais fácil de comunicar entre diferentes nações, etnias e indivíduos."