Web  portuguese.cri.cn  
Programa Especial: Caminho ao Renascimento-programa especial em homenagem aos três anos do terremoto de Wenchuan
  2011-05-13 14:32:32  cri

o dia 12 de maio é um dia que ficará sempre na memória dos chineses. Há três anos, um forte terremoto devastou a província de Sichuan, no sudeste da China, deixando 68 mil vítimas fatais e outras 17 mil pessoas desaparecidas. Após a tragédia, o governo chinês se comprometeu a concluir a reconstrução em três anos. Hoje, chegou a data limite. Como está a província? Se vive bem ali?

Os repórteres da Rádio Internacional da China entrevistaram duas mulheres no local. Ambas tinham casa em Beichuan, epicentro do terremoto, e sofreram mudanças radicais na vida causadas pelo tremor. Elas não se conhecem, mas nos transmitem a mesma confiança na vida e na força humana.

Para Zhang Xiaoqiong, o momento mais tranquilo de todos os dias é o começo da manhã, quando leva seu bebê para um passeio nos parques do condomínio. O menino, de um ano e oito meses, salta e grita alegremente, olhando com curiosidade as paisagens ao seu redor.

Sonora gritos de bebê

"Mãe! Mãe!"

Zhang Xiaoqiong olha o filho com toda a ternura. Ninguém sabe que por trás da mãe de 38 anos, há uma história de sofrimentos.

Zhang Xiaoqiong tinha uma vida feliz e confortável. Ela gerenciava uma pequena loja de costura enquanto o marido pedalava tricicleta de transporte. Mesmo que não fosse uma vida luxuosa, o casal estava satisfeito com a tranquilidade. Especialmente com sua filha de quatro anos, amável e inteligente, e que trazia muitas alegrias para a família. Mas num piscar de olhos, tudo saiu das expectativas. No dia 12 de maio de 2008, um tremor de oito graus na escala Richter destruiu tudo. Todo o distrito de Beichuan foi transformado em escombros apenas num instante. Dezenas de milhares de pessoas estavam soterradas, entre as quais, a menina e sua avó. Ao recordar o cenário, Zhang não consegue controlar as lágrimas mesmo com o passar do tempo.

"A primeira coisa que vinha na minha mente era minha a filha. Consegui me arrastar dos escombros e pensei: como está minha filha na escola? Pensava que o tremor só tinha acontecido no local onde eu ficava, não que tinha destruído todo o distrito. Ao saber sobre isso, perdi toda a força, minhas pernas ficaram bambas."

Os dias seguintes foram marcados pela incansável procura pela filha. Ao perceber que a filha não voltaria mais, Zhang e o marido lavavam a face com lágrimas todos os dias. Quase todas as noites, ela se encontrava com a filha nos sonhos, interrompidos pelo choro desesperado.

"Eu sonhei que minha filha estava em minha frente. Estava com frio por não ter roupas, e gritando mãe, mãe! Eu disse que pegaria balas e pães para ela. Perguntei também onde estava a avó, e ela respondia: está ali. Me sentia muito aflita e me acordava sempre chorando. "

Em agosto de 2008, o casal se mudou para o novo condomínio de alojamentos temporários. Lá eles conheceram outros sobreviventes do terremoto. Pessoas que não pouparam compaixão e emoção ao ouvir as histórias tristes dos outros, e se consolarem mutuamente, levando a vida para frente.

O casal começou a reconstruir sua vida. O marido Liu Jinjun participou das equipes de resgate, ajudando na distribuição de materiais de emergência às pessoas afetadas. A vida voltou à normalidade e, com ela, surgiu a ideia de ter filho de novo.

Paralelamente, o governo central criou uma linha especial para financiar a reprodução na região afetada. O projeto ofereceu gratuitamente todo o serviço de concepção. Zhang Xiaoqiong participou do programa.

"Quem quer dar à luz, faz registro no ponto de planejamento familiar. Com o cartão emitido pelo órgão, as pessoas podem fazer todos os testes gratuitamente, desde a gravidez até o nascimento de bebê."

Em agosto de 2009 o bebê Liu Peng nasceu. Zhang dedicou todo o amor para esta nova vida. Os carrinhos de bebê e brinquedos estão espalhados pela casa. O menino não escapa nem um minuto aos olhares atentos da mãe. O filho dá à mãe a perspectiva sobre o futuro.

"Ele adora brinquedos como carrinhos e ver o desenho japonês Otman."

Em Setembro de 2010, foi inaugurado o novo distrito de Beichuan. O casal Zhang Xiaoqiong está entre os primeiros que se mudaram para o local. Além do apartamento de 110 metros quadrados, a arquitetura com características da etnia Qiang e os lindos parques no condomínio, o que mais alivia a Zhang é o estabelecimento de um jardim da infância perto de casa.

"Há muitos meninos no condomínio. Além do jardim da infância, há também escolas primárias, secundárias e escola profissionalizante. Há estudantes que já frequentam as escolas."

Ao falar sobre o futuro do filho, Zhang espera que ele possa ser um médico para ajudar muitas pessoas.  

Compartilha da mesma experiência Wang Rong, de 31 anos, que trabalhava como professora de uma escola primária. Ela perdeu seu filho de quatro anos no terremoto. Com o choque da vida, Wang Rong entrou em depressão e emagreceu muito. O projeto chamado de "recuperação psicológica de corações infantis", promovido pela Fundação Yi, mudou a vida da Wang Rong.

Iniciado em agosto de 2009, o projeto, co-promovido pela Faculdade de Psicologia da Universidade de Beijing, visa prestar assistência psicológica às vítimas jovens e adultas, ajudando-as a superar as marcas deixadas pelo tremor e integrando-as novamente na sociedade. Sendo representante da escola primária Kaiping, Wang se inscreveu no programa.

"Após o terremoto, tanto eu como outros professores da escola precisávamos de assistência psicológica. Embora os estudantes da nossa escola não tenham sido atingidos, muitos professores perderam familiares na tragédia. Além disso, os estudantes, mesmo os que conseguiram sair ilesos, ficaram chocados com o tremor e também apresentaram problemas psicológicos."

Através do programa Wang conheceu a professora Kong Qin, que exerceu grande influência sobre ela. Como diretora do centro da saúde psicológica da Universidade de Finanças e Economia do Sudoeste da China, Kong ficou responsável pela recuperação mental dos professores das escolas primárias e secundárias de Beichuan. Nas aulas de recuperação, Wang Rong e outros colegas compartilharam experiências e ideias para que fossem analisados pelos psicólogos.

Sob a direção de Kong, Wang Rong aprendeu a se consolar com técnicas de psicologia. O estado mental e físico dela também melhorou gradualmente. Ela até usou os métodos de intervenção psicóloga em sua experiência de ensino, ajudando os alunos a escaparem das sombras do terremoto. E mesmo os estudantes que tinham medo da professora no início, começaram a abrir o coração. Muitas crianças escreveram diários, contando por escrito suas angústias.

"Me sinto feliz ao ver os diários dos alunos. Muitas vezes eles conversam sobre os problemas diretamente comigo."

Segundo Wang Rong, o terremoto fez ela perceber melhor o significado da vida e do amor.

"Faltava paciência às vezes com os alunos no passado. Os psicólogos me disseram que cada erro que os alunos cometem tem sua razão, que exige muita paciência até que seja descoberta pelos professores. Eu segui o princípio e notei as alterações positivas. Os professores têm que ouvir seus alunos com muita atenção e paciência, e perceber o que realmente acontece com eles. "

O sorriso reapareceu no rosto de Wang Rong. A professora Kong Qin, disse:

"Ela está cada vez mais bonita. Um dia vestiu uma linda saia. No intervalo das aulas, eu a procurei para tirarmos uma foto. Ela está mais contente também. Além de se vestir na moda, está ativa perante o público, expressando suas ideias."

Nos três anos de reconstrução, inúmeros voluntários passaram pelo local, criando um futuro para os sobreviventes.

Zhang Xiaoqiang, da provincía de Shandong, leste da China, está impressionado com a eficiência dos trabalhos.

"No ano passado, os prédios só tinham três ou quatro andares. Também não havia ruas aqui. Todos os lugares estavam em obras. Agora, com o regresso dos habitantes, o local foi outra vez povoado. O distrito tem muita energia."

A voluntária Wang Yuge acolheu os sorrisos ingênuos das crianças.

"O terremoto causou grandes problemas psicológicos sobre as crianças. Algumas ainda não conseguiram se livrar das sombras. O que nós fazemos é acompanhar as crianças e manter contato frequente com elas. Nós não somos profissionais, mas esperamos que possam sentir o amor da família. Depois dos tratamentos de longo prazo, reparamos algumas mudanças nas crianças. Elas são mais conscientes no estudo e ajudam mais os pais nos trabalhos domésticos. Embora sejam pequenas coisas, sinto meu trabalho recompensado."

Para o pesquisador da agricultura moderna, Zhang Wenbo, a mudança da produtividade na região atingida é enorme:

"A mudança é realmente enorme. O novo modelo de gestão e tecnologia agrícola moderna está adaptado às zonas afetadas. A população também tem uma visão mais ampla. Com as facilidades básicas como fibra óptica, gás natural, água canalizada e tratamento de águas, a região já parece com uma zona urbana."

Testados pela aflição e angústia da vida, os sobreviventes do terremoto nunca abandonaram a esperança pelo futuro. A felicidade está chegando.

 Imprimir  Comentar  Envie para um amigo
Leia mais
Comentário

v A aldeia fica no extremo norte da China

v Coleta de sal em Fujian, no sudeste da China
mais>>
Aviso Vídeo
Para conhecer a fundo o Fórum do Cinturão e Rota para Cooperação Internacional, só na Rádio Internacional da China.

Cobertura completa em todas as mídias e em 65 idiomas, transmissão ao vivo em chinês, inglês e russo, notícias em tempo real nas novas mídias para 29 idiomas, reportagens especiais para internet, em 39 idiomas, além das reportagens cooperativas com 130 rádios no exterior.

Fortalecer cooperações internacionais, construir em conjunto "Um Cinturão e Uma Rota", procurar o desenvolvimento de ganhos mútuos.

Ranking dos textos mais lidos
• Sala de visitas: O artista português Alexandre Farto, o Vhils, explica detalhes do seu estilo inovador, que já conquistou todos os continentes
• Sala de visitas: A jornalista brasileira Laís Carpenter fala sobre sua carreira e conta como veio morar na China
• Sabores do Brasil - Muqueca de Peixe e Camarão
• Entrevista com presidente da CMA Group do Brasil, José Sanchez
• Encontre aromas frescos do chá Tieguanyin em Anxi
• Entrevista com pianista portuguesa Marta Menezes
mais>>
Galeria de fotos

O primeiro trem maglev de Beijing foi testado no último sábado

Pinturas famosas foram transformadas pelo ilustrador chinês Along, utilizando o panda

A Pradaria de Hulunbuir é uma das quarto maiores pradarias do mundo

Um parque de estacionamento gigantesco e inteligente foi inaugurado em Beijing
mais>>

• Fanzine Nº2, 2017

• Fanzine Nº1, 2017
mais>>
© China Radio International.CRI. All Rights Reserved.
16A Shijingshan Road, Beijing, China. 100040