Song Xiangli, de 40 anos, se sentiu um pouco perdida ao entrar pela primeira vez na nova vila de Shuimo, reconstruída após o terremoto de 8 graus na escala de Richter que em 2008 atingiu a Província de Sichuan, no oeste da China. Para a moradora, o cenário se revelou completamente diferente do anterior ao sismo, quando a vila era repleta de chaminés, fumaça e água poluída.
"Quando criança, também morei numa casa de madeira, mas menos bonita do que essa. Os novos edifícios ficaram tão lindos que quase não reconheço o lugar onde está minha casa! A nova vila de Shuimo é muito bonita! Apesar de não sermos turistas, estamos todos impressionadas com a beleza dela."
Mas nem a sensação de felicidade faz Xiangli esquecer o passado obscuro da vila. Antes do terremoto de 2008, Shuimo era uma das principais zonas industriais do local. Numa área de cerca de 90 quilômetros quadrados se concentravam mais de 60 empresas poluidoras e com alto consumo de energia.
O terremoto destruiu a vila e obrigou seus residentes a repensar o futuro. Com a ajuda de equipes de reconstrução de outra província, o governo local fez tudo para evitar que o lugar voltasse a ser um pólo industrial. O vice-secretário do comitê comunista da Vila, Lin Bo, disse:
"Após a tragédia, o município de Foshan, na Província de Guangdong, iniciou a reconstrução da nossa vila. Elaboramos uma nova rota de desenvolvimento para Shuimo. Ou seja, transferimos para outro lugar as empresas com grande consumo energético e introduzimos aqui um instituto de educação superior. Com essas mudanças, pretendemos transformar a vila de um parque industrial em um recanto turístico e educacional."
Com o novo projeto, as chaminés e a fumaça deram lugar ao céu azul e ar fresco. Song Xiangli e outros residentes se sentem mais felizes agora.
Hoje com casas, escolas e hospitais, a vila enfrenta novos desafios: qual será a força motriz do crescimento econômico local, especialmente após a retirada das fábricas e a perda da terra pelos camponeses?
Segundo Lin Bo, o governo pretende transformar Shuimo em uma vila turística ao estilo do oeste de Sichuan, centrada nos costumes folclóricos da etnia local.
"Muitos camponeses perderam suas terras após o terremoto devido às calamidades geológicas provocadas pelo fenômeno. A subsistência dessas pessoas se tornou um desafio para o governo. Por isso, durante a reconstrução, além de fornecer abrigo, auxiliamos essas pessoas na busca por um meio de ganhar a vida. As casas foram construídas com um pátio e uma sala voltados para a rua. Com esse designe, os residentes podem promover atividades comerciais em casa."
Song Xiangli, que mora na antiga rua de Chanshou, foi uma das beneficiadas com a mudança do modelo de crescimento. Antes do sismo, o trabalho numa siderúrgica, pelo qual era muito mal remunerada, a impossibilitava de cuidar de sua família. Após a recuperação da rua, ela abriu um restaurante em casa, cujo prato principal é o "peixe picante". Graças ao crescimento no número dos visitantes, seu restaurante vive lotado.
"Não queremos trabalhar fora de nossa terra natal ao ver nossas casas reconstruídas e tão bonitas. Temos casa própria e, ao invés de alugar para outros, preferimos trabalhar em nossos próprios negócios. Desde que o turismo se tornou uma das indústrias pilares de Shuimo, podemos dizer que a quantidade diária de visitantes é maior do que foi em todo o passado da vila. Sobretudo ao meio dia, o restaurante está tão lotado que os clientes têm que esperar um pouco."
Em três anos, a vila Shuimo passou da morte à ressurreição, dos escombros à prosperidade, transformações que outras cidades levaram 20 anos para promover. Os moradores submergiram da tragédia e encontraram um caminho para o crescimento futuro.