No Pavilhão Unido das Províncias Chinesas há um espaço especial que retrata em maquetes, fotos e vídeos a vida de seis famílias residentes na província de Zhejiang. A reportagem de hoje vai mostrar como e por que uma dessas seis famílias está representada no evento.

Aos 84 anos, o senhor Dai Zumiao nunca conheceu outro lugar além da cidade histórica de Linhai, onde vive desde que nasceu. Ele mora no nº 371 da rua Ziyang, nome de um grande mestre do taoísmo. A rua mede 1.080 metros, é revestida de pedras gigantescas e preserva o estilo arquitetônico da dinastia Qing. Ao longo das duas margens, lojas com tradicionais portas de madeira remetem à China antiga. Dai fala com emoção do fato de sua família ser reconhecida como a mais tradicional de Zhejiang.

"Fico muito satisfeito com esse título. Me casei há 58 anos e graças a Deus eu e minha esposa estamos com boa saúde. Meus filhos têm bons empregos e meus netos são esforçados nos estudos. Nasci nesta nua e sempre morei nesta casa. É motivo de orgulho para mim o fato de minha família ser reconhecida pela Expo".

Para o designer do Pavilhão de Zhejiang, Yang Qirui, famílias são unidades importantes que refletem as transformações de um lugar. O professor secundarista de Linhai, Zhu Em, nos contou:

"Linhai é uma cidade histórica e cultural situada aos pés do trecho sul da Grande Muralha. A família Dai é muito conhecida aqui por sua tradição de fazer calçados. Podemos entender um pouco as mudanças que aconteceram nesta cidade através do retrato da família Dai".

Os avós de Daí já viviam na rua Ziyang. Há cem anos a família dele testemunha momentos prósperos e de declínio, acompanhando também as transformações da nossa era. O senhor Daí conta que aprendeu a fazer sapatos ainda muito pequeno devido às precárias condições de vida de sua família. Após a fundação da República Popular da China, ele foi trabalhar numa empresa estatal de calçados, e lá conheceu sua esposa. O casal tem quatro filhos e quatro netos, todos com um futuro promissor. A neta que conseguiu uma bolsa de estudos numa prestigiosa universidade da Inglaterra é orgulho da família. Ele recordou:

"Eu e minha esposa trabalhávamos muito para poder amparar a família de oito pessoas. Agora, um dos meus filhos trabalha com comércio e o outro é engenheiro elétrico. Minha neta tem um ótimo desempenho em matemática e foi recomendada para estudar no Reino Unido. Meu neto também é bom nos estudos e está fazendo faculdade em Guilin".

Tudo na casa de dois andares do senhor Dai é feito de madeira: corrimão, escadas, o chão, o teto. O som da madeira rangendo ao subir as escadas e o corrimão cuidadosamente polido são convites para uma viagem no tempo. No sótão do segundo piso estão guardadas três malas, parte dos dotes de casamento recebidos pela mãe, esposa e pela filha de Dai. A mala mais antiga é de madeira, enquanto as da esposa e da filha são de pele. Cada uma delas guarda memórias de uma época.

"Esta casa tem mais de 200 anos. Lembro que foi reparada uma vez pelo meu pai. Quando a herdei, fiz três reformas. O governo também ofereceu uma reparação no portal. Neste espaço de 140 metros quadrados, viveram diversas gerações da minha família. Meu filho mora num apartamento novo e me convidou para morar com ele, mas prefiro ficar aqui. Conheço todos os vizinhos e convivência com eles é muito agradável."

Segundo o professor Zhu En, a família simples de Dai é o retrato de uma história extraordinária.

"A vida de Dai agrega a história centenária e contemporânea da China e reflete diferentes modos de vida em diferentes épocas."