A exposição denominada "Arquivos da Expo, Memórias chinesas" está sendo realizada no Museu de Arquivos de Shanghai, antiga sede da Companhia de Correios da França. Cerca de 200 fotos e centenas de objetos relacionados ao tema vieram de todo o país para compor o acervo que mostra a obsessão do povo chinês pela organização do evento. Na reportagem de hoje, vamos passear pelo museu e viajar nas memórias que contam o caminho trilhado pela cidade até a conquista do evento.
O acervo exibido na mostra é muito familiar a Wu Chen, diretor do Museu de Arquivos de Shanghai. Para ele, a homenagem à Expo é um presente aos visitantes.
"As peças vêm dos museus provinciais e retratam o sonho de chineses de diversas gerações de organizar a Expo. Os visitantes podem conhecer o caminho difícil da candidatura até a vitória de Shanghai e orgulho de ver a China dialogar com o mundo baseada na igualdade, além de desfrutar das conquistas humanas. A visita é extremamente educativa."
Desde a participação na Expo de 1851, ano da primeira exposição mundial realizada em Londres, a China é um entusiasta do evento. Já no século XIX, muitos países reconheciam que sediar a feira era uma forma de elevar a posição da nação no mundo. Dentre os documentos da dinastia Qing, são milhares os registros de decretos imperiais, notas diplomáticas e telefax alusivos ao assunto. Esses raros documentos históricos podem ser apreciados na primeira divisão temática do museu. Wu Chen assinalou:
"Aqui está a nota diplomática enviada pelo cônsul-geral da embaixada da Áustria na China à repartição governamental da dinastia Qing em outubro de 1870. Temos também a do cônsul norte-americano, agradecendo o apoio do governo Qing à Expo de 1876, na Filadélfia. Também exibimos o registro da primeira participação oficial do governo Qing na Expo de São Luís dos EUA, em 1904."
Apesar de a dinastia Qing ter um órgão especial para lidar com os assuntos estrangeiros, a alfândega tinha um papel fundamental na promoção do evento. Os inspetores alfandegários assumiram na época a responsabilidade de reunir peças para a Expo. Entre 1867 e 1905, a China participou 29 vezes da Expo e de outras feiras internacionais.
A despeito das agitações sociais durante a República da China (1912-1949), o entusiasmo dos chineses pelo evento nunca arrefeceu. O lenço em homenagem à Expo do Panamá, em 1915, é outra das atrações do museu. Foram bordadas neste lenço de seda a bandeira da China e a dos outros 49 países e regiões participantes. No ensaio para a Expo de Chicago em 1933, a China exibiu 8 mil peças que deixaram 15 mil visitantes de queixo caído.
A segunda seção da mostra conta a história da busca do povo chinês pela candidatura da Expo. Segundo o diretor Wu Chen, já nos anos de 1950 a República Popular da China tinha a ideia de sediar a Expo, mas Shanghai só começou a estudar a viabilidade do projeto na década de 1980.
"Temos o documento inédito do Birô de Arquivos do Comitê Central do Partido Comunista da China com o relatório redigido em 1958 pelo, então, vice-ministro do Exterior da China, Zhang Wentian, sobre a realização da feira internacional em Shanghai, além das instruções dadas pelo primeiro-ministro chinês, Zhou Enlai."
No dia 3 de dezembro de 2002, Shanghai conquistou o direito de sediar a Expo de 2010, dando início à maratona de oito anos de preparação. O Relatório de Cadastro da Expo de Shanghai foi o primeiro aprovado pelo Birô Internacional de Exposição (BIE) desde que o sistema foi criado, marco importante na história do evento.
A mostra estará aberta ao público até o final do ano e a entrada é franca.