A reunião anual da Assembleia Nacional Popular chinesa, que começou hoje com cerca de três mil delegados, é o maior acontecimento da agenda politica do país, a seguir aos congressos quinquenais do Partido Comunista.
A ocasião proporciona também um colorido movimento de massas, com mais de cinco mil representantes de todas as províncias, minorias étnicas e forças armadas a ocuparem durante dez dias os salões do Grande Palácio do Povo, no centro de Pequim.
Entre a multidão, de fato e gravata, que subia hoje de manhã a escadaria que dá acesso aquele ícone da arquitetura socialista, viam-me monges budistas tibetanos, oficiais do exército de uniforme e deputados da etnia «miao» ou mongol vestidos com os seus trajes tradicionais.
Além dos "deputados do povo", estão reunidos os cerca de 2200 membros da Conferência Política Consultiva do Povo Chinês, o principal órgão de consulta do PCC e do governo.
O número de jornalistas chineses acreditados para a cobertura da temporada parlamentar ultrapassa os 2400, 500 dos quais de Hong Kong, Macau e Taiwan, e os estrangeiros são cerca de 800.
Cerca de 700 000 agentes da polícia e outros profissionais foram mobilizados para "garantir a segurança" em Pequim durante as duas reuniões, no mais apertado dispositivo do género montado na capital chinesa
Há mais 100 000 efetivos do que em 2009, o que constitui "um novo recorde do nível de segurança" depois dos Jogos Olímpicos de 2008 e das comemorações dos 60 anos da República Popular da China, em outubro passado, disse um jornal local.
O tema central da agenda é o relatório da actividade do governo, que o primeiro ministro chinês, Wen Jiabao, leu hoje durante quase duas horas no Grande Palácio do Povo.
Para este ano, Wen Jiabao apontou como meta um crescimento económico de "cerca de 8 por cento", um pouco menos que os 8,7 por cento alcançados em 2009.
"Embora o clima de desenvolvimento deste ano possa ser melhor que o do ano passado, ainda enfrentamos uma situação muito complexa", disse Wen Jiabao.
O ano passado, o relatório do governo foi aprovado com 97,4 por cento de votos.
Os "delegados do povo" vão também votar a proposta de orçamento do Estado para 2010, o Plano de Desenvolvimento Económico-Social e os relatórios do Supremo Tribunal e da Procuradoria Geral.
Até ao final da reunião, no dia 14 de março, estão previstas várias conferências de imprensa com ministros e outros responsáveis, incluindo o chefe do governo.
Constitucionalmente, a Assembleia Nacional Popular é "o supremo órgão do poder de Estado na China" e a expressão máxima da "democracia socialista".
A China "não deve copiar os países ocidentais ou introduzir um sistema de múltiplos partidos que governam rotativamente, um sistema com a separação de poderes ou com uma dupla câmara", proclamou há um ano o presidente da Assembleia, Wu Bangguo.