O vinho chileno já se estabeleceu no mercado chinês, mas ainda há espaço para desenvolvimento. A indústria de vinho do país tem visto um crescimento de suas exportações para a China mesmo em tempos de recessão. Um dos motivos é o preço competitivo oferecido pela indústria sul-americana. "Estamos vendendo produtos diferentes para mercados diferentes a preços diferentes, então não sofremos muito com a crise", explica o presidente da Associação Nacional de Agricultura do Chile (Anac), Luis Schimidt Montes. Em 2008, as vinícolas chilenas venderam U$ 56 milhões para o mercado chinês.
Ainda assim, as vinícolas sul-americanas batalham com a promoção da cultura do vinho produzido fora da Europa. "O problema maior é que em países onde as pessoas não têm o hábito da bebida, como a China, elas tendem a optar por rótulos de renome, como os franceses e os italianos", diz o diretor de exportação da Portal del Alto, Javier Salazar. A empresa chilena participa pela primeira vez do Festival Internacional de Vinho de Yantai neste ano. "Já temos um mercado estabelecido em Hong Kong e achamos que esta seria a oportunidade ideal para entramos no mercado da parte continental chinesa."
Salazar acrescenta que, como a cultura da bebida ainda não é bem difundida em terra mandarim, o consumo ainda obedece a modismos. "Na verdade, a recepção do vinho chileno em outros países passa pelo mesmo problema. Mais isso não tem relação com a qualidade do vinho produzido no país, e sim com o fato de o Chile não ter um grande nome como nação", diz.
Mesmo com a crise, a Portal del Alto pretende investir na exportação de seus produtos para a Ásia. Salazar aponta que o mercado chinês é o mais emergente, "e o que demais países levaram 20 anos para atingir em volume de consumo, a China deverá atingir em cinco". Para isso, o Festival é como uma vitrine para os produtos e a cultura da bebida por ela mesma. "O mercado de vinho na China vai se desenvolver completamente quando as pessoas passarem a consumirem vinho pela bebida, e não só pelo álcool."
O importador chinnês Romaney, diretor da vinícola Yifei, é um apreciador da bebida e aposta na produção sul-americana. "Acho que o vinho do Chile tem um preço adequado e é de boa qualidade", avalia. Ele já trabalha com marcas internacionais no mercado chinês e pretende investir na introdução das vinícolas chilenas ao país: "Caso haja demanda dos nossos clientes para o vinho chileno, vou apostar em negociações mais profundas com o Chile".
A produção de vinho chilena cresceu, até a metade deste ano, 5,5%. A expectativa da Anac é que, com a introdução de mais vinicultores chilenos à China, o volume de exportação chegue a 10% até o final deste ano.