Hoje, vamos conhecer uma vila na província de Yunnan, na fronteira com a Birmânia.
A vila Yinjing da comarca da etnia Dai, na província de Yunnan, sul da China, é especial exatamente por sua localização, ou seja, na divisa da China com a Birmânia. A linha fronteiriça que fica no lado birmanês ganhou o nome Mangxiu.
A senhora Lu Yan, natural da cidade de Ruili, também localizada na comarca da etnia Dai, visitou Yinjing várias vezes. Segundo ela, a travessia da fronteira faz parte da rotina dos moradores locais. Os aldeões, apesar de pertencerem a diferentes nacionalidades, falam o mesmo idioma e mantêm os mesmos costumes. "Eles pisam todos os dias nas mesmas ruas e bebem a água que sai do mesmo poço", disse Lu Yan.
"Parece-me que eles vêm da mesma família, sem uma distinção muito clara. As trepadeiras plantadas na China vão crescer e dar frutos nas sebes que ficam na Birmânia. Isso é muito comum".
Se não fossem os soldados de defesa na fronteira, seria muito difícil perceber que Yinjing (poço de prata, em tradução livre), é um marco divisor entre povos de dois países diferentes. Segundo um policial que trabalha na vila, a maioria dos habitantes solicita uma certidão de identidade especial que lhes permite circular livremente pelos dois lados da fronteira, facilitando o comércio com a Birmânia.
"Quase todo o mundo nesta vila tem essa certidão, que deve ser revalidada uma vez por ano. Nos casos particulares, autorizamos a prorrogação do documento".
Antigamente, os chineses e os birmaneses em Yinjing compartilhavam um poço onde foram esculpidos caracteres com as palavras "China" e "Birmânia". Hoje, os moradores locais já não usam essas águas, mas o poço se tornou um símbolo da coexistência pacífica ao longo dos anos entre os dois povos.
Como a maior parte dos aldeões é da etnia Dai, os habitantes de Yinjing ainda mantêm o costume de celebrar a Festa da Aspersão da Água. Na ocasião, chineses e birmaneses se reúnem vestindo trajes folclóricos. O morador de Yinjing, Yue Sisai, nos contou:
"Na Festa da Água, os birmaneses nos convidam a fazer celebrações. É difícil distinguir, durante a ocasião, os chineses dos birmaneses".
Segundo depoimento dos habitantes locais, muitos pais birmaneses optam por enviar seus filhos para estudar nas escolas chinesas. O casamento entre pessoas dos dois povos também é muito comum na vila. O chinês, Yan Jing, de 29 anos, é casado há sete anos com uma birmanesa.
"Somos da etnia Dai e mantemos os mesmos costumes".