O emprego é um tema importante na vida de cada um. Durante 60 anos desde a fundação da República Popular da China, a busca por emprego pelos chineses passou por grandes transformações, de distribuição planejada antes da Reforma e Abertura, para escolha individual dos universitários. No programa de hoje, vamos conhecer melhor esse processo de transformações.
Feng Fan, professora aposentada da Universidade da União de Beijing, atuou no serviço de seleção de graduados por 20 anos. Ela testemunhou o processo de contratação de diferentes gerações. Feng relembrou que antes da década 90, os graduados eram distribuídos entre empresas e instituições estatais. Mesmo não sofrendo pressão para encontrar emprego, quem se graduava não tinha o poder de escolha da própria profissão.
"Antigamente o país aplicava uma distribuição de emprego planejada. Os universitários graduados dos anos 1970 e 80 obtiveram seus postos de trabalho conforme a demanda do país, e não se levava em consideração suas especialidades. Naquela época, as pessoas não tinham um conceito forte de autodeterminação."
No final da década 90, à medida em que a economia de mercado foi ganhando forças, a política de emprego dos chineses começou a sofrer alterações. A escolha de emprego passou a partir do indivíduo e não do Estado. Liu Li, de 34 anos, fez parte do primeiro grupo de graduados que buscaram trabalho por si próprios. Em 1998 ela estava no último ano da Universidade de Economia e Financiamento de Shanxi. Ao saber do cancelamento da distribuição de emprego do país, Liu ficou confusa e apavorada, pois não tinha referências das experiências dos alunos já formados, e naquele período não existia Internet como ferramenta de busca ou mesmo de exposição de currículos. No entanto, Liu Li se reajustou rapidamente e começou a perceber que essa era uma oportunidade única e que poderia dar outro valor à sua vida.
"Percebi que a procura individual por emprego poderia ser uma coisa boa, pois nós precisamos temperar a nossa vida na juventude. Era jovem e não tinha nada a temer. Então, comecei o processo de busca por trabalho."
Liu Li decidiu deixar sua terra natal rumo ao litoral da China para possibilitar seu desenvolvimento profissional. Ela acreditava que as regiões mais desenvolvidas economicamente ofereceriam mais chances de emprego, e assim chegou à província de Shandong, leste do país.
Após 10 anos de esforço, Liu tornou-se funcionária administrativa de alto nível numa companhia. Resumindo sua trajetória profissional, Liu disse que a procura de emprego lhe deu uma visão mais ampla e a possibilidade de concretizar seu ideal.
"Vi casos de graduados mais velhos e percebi que o trabalho distribuído não é conveniente. Eles não conseguiram traçar suas vidas conforme seus próprios sonhos. Eu concordo com a escolha individual e nunca me senti arrependida por minha opção. Consegui ocupar um espaço muito maior na profissão."
Hoje o mundo todo está sofrendo com a crise financeira. Os jovens de todo o globo, incluindo os chineses, enfrentam grande pressão para encontrar trabalho. O número de postos de trabalho é muito menor do que era há 10 anos atrás. A cada dia mais jovens escolhem criar seus próprios negócios ao invés de buscar um trabalho estável. Li Yuanyuan é uma dessas jovens.
Nascida em 1983, Li Yuanyuan trabalha numa companhia criada por universitários graduados. O principal negócio da companhia é organizar grupos de alunos chineses de Universidade ou de escolas secundárias e levá-los ao exterior para participarem de atividades no Modelo das Nações Unidas. Li revelou que os fundadores da companhia eram excelentes alunos que conhecem de perto como as Nações Unidas operam. Eles acreditam nas perspectivas do setor, e por isso criaram a companhia. No entanto, encontraram muitas dificuldades no começo. Li disse:
"Os primeiros anos foram muito difíceis. Nós queríamos organizar viagens de grupos de alunos ao exterior. Mas não conseguíamos obter a confiança das escolas, e os pais também duvidavam da nossa capacidade. Eles nos diziam que como jovens tão imaturos podem levar minhas crianças ao exterior?"
Para que mais chineses aceitem essa novidade, ou seja, o modelo das Nações Unidas, Li Yuanyuan e outros colegas da companhia passaram a divulgar o projeto em escolas de todo o país. Eles obtiveram o apoio das embaixadas estrangeiras na China e no ano passado, organizaram com sucesso a viagem do primeiro grupo de estudantes chineses à Universidade de Yale, nos EUA. Neste ano, eles já receberam mais pedidos de muitos outros estudantes que também querem participar desses eventos fora do país.