Tal como os grandes êxitos alcançados no setor econômico durante as últimas três décadas, a grande desigualdade de renda entre os chineses tem sido também o foco da atenção nacional e internacional. Com a evolução econômica chinesa e a aplicação de medidas pelo governo central para otimizar a distribuição de renda, o país vai entrar num ponto de virada em que deve cair a desigualdade entre ricos e pobres.
O diretor do Departamento de Economia e Administração da Indústria e Comércio da Universidade Normal de Beijing, Lai Desheng justificou a teoria:
"É um fenômeno regular. A desigualdade de rendimento vem aumentando com o crescimento econômico e a elevação de renda. Quando isso chegar a um ponto determinado, começa a cair. Após o crescimento econômico acelerado dos últimos 30 anos, consideramos que chegamos a um ponto de virada. O julgamento é fundamentado nos seguintes fatores: a desigualdade de rendimento de um país depende da diferença entre cidade e campo e a porção da população urbana e rural. Nos últimos anos, começou a diminuir a desigualdade de rendimento entre cidade e campo, fator responsável por metade do índice. Tanto nas zonas urbanas quanto nas rurais, o aumento de salário da população com baixa renda é maior que da população com renda alta. No ano passado, 50% dos chineses viviam ou trabalhavam em cidades. Então, neste aspecto, a desigualdade nas cidades é menor que no campo."
Falando das razões que promovem a queda da desigualdade de renda, Lai deu suas explicações:
"São quatro os motivos que contribuem para a diminuição da desigualdade de renda. Em 2004, surgiu um grande vazio de mão-de-obra na China. Um fator importante é a alteração da estrutura populacional. A alta do preço da mão-de-obra se deve às mudanças de oferta e procura. Enquanto isso, o grau educacional dos trabalhadores vem se elevando em geral. Por outro lado, o governo chinês vem adotando uma política que beneficia a agricultura, o agricultor e a zona rural desde 2004. Além disso, o governo dá prioridade ao melhoramento da vida do povo e vem aperfeiçoando as políticas para a redistribuição de renda. O crescimento inclusivo, sociedade de convivência harmoniosa e justiça social são prioridades do governo chinês."
Para Lai Desheng, é preciso esforços para consolidar esta tendência.
"Na minha opinião, se não adotar medidas de garantia, é possível que a história se repita. É necessário aprofundar reformas do mecanismo econômico orientado pelo mercado a fim de criar mais oportunidades para pessoas com rendimento baixo. No início deste ano, o Conselho de Estado chinês divulgou um documento oficial para promover reformas de registro residencial. Aguardamos seu avanço. Acho importante o investimento constante na educação, saúde e previdência social."
O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, deu quatro sugestões para aliviar a desigualdade da distribuição de renda.
"Devemos elevar o rendimento dos chineses e o salário mínino. Vamos reajustar a distribuição de renda e controlar o ganho dos ricos, especialmente dos administradores de empresas estatais e de instituições financeiras, a fim de fortalecer a classe média. É necessário estabelecer e aperfeiçoar o sistema de previdência social, proteger os rendimentos legais e lutar contra os ilegais. Ao meu ver, é importante criar condições iguais para todos estudarem, trabalharem e empreenderem. Devemos levar a sério as reformas do mecanismo fiscal e de distribuição de renda, com base no qual, caminharemos para a riqueza comum."