No relatório de trabalho governamental para 2012, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao aponta para a necessidade de as empresas chinesas saírem ao mundo e estabelecerem parcerias internacionais. Desde que o país passou a integrar a OMC (Organização Mundial do Comércio) dez anos atrás, cada vez mais empresários chineses apostam no mercado estrangeiro. O modelo chinês de parceria internacional consiste na aquisição de ações do parceiro estrangeiro, instalação de representações de vendas no exterior e no estabelecimento de fábricas em outros países. Na contramão desse conceito, o Grupo Changyu, especializado na produção de vinhos em Yantai, na província de Shandong, optou por uma forma de desenvolvimento bem peculiar. A estratégia é alavancar sua ascensão através de cooperações internacionais, mas a partir da China.
O presidente do Grupo Changyu, Sun Liqiang, descreveu assim o desenvolvimento da empresa no exterior:
"Temos parcerias com vinícolas estrangeiras, principalmente em marca, tecnologia e canais, aspectos que contribuem com a internacionalização da nossa empresa. A prioridade não envolve a aquisição de ações."
A vinicultura teve origem na Europa e foi introduzida na China há pouco mais de 100 anos. Quem trouxe o vinho para cá foi a empresa Changyu, fundada em 1892, antecessora do atual Grupo Changyu. Em 2000, a marca centenária inaugurou uma visão voltada ao mercado externo, na tentativa de elevar a qualidade de seus produtos e se adaptar ao padrão internacional. O grupo francês Castel, maior fornecedor de vinhos da França e o segundo maior do mundo, foi escolhido pela Changyu como parceiro em pesquisa e produção de vinhos voltados a agradam o paladar do mercado euro-asiático. Assim, foi aberto o caminho rumo a cooperação entre marcas. Sun recordou o início dessa feliz parceria.
"Em parceria com a Castel, a Changyu construiu a primeira fazenda voltada à produção de uvas, seguindo rigorosamente os critérios internacionais, desde a gestão do vinhedo até a qualidade do produto final. Ao longo de mais de uma década, os vinhos produzidos aqui se tornaram muito rentáveis. Acabamos de renovar o contrato com a Castel por mais de dez anos e acredito que a vinícola vai prosperar ainda mais daqui pra frente."
A parceria com a Castel abriu uma porta para a Changyu explorar o mercado internacional. A vinícola fica no vale Nanwang, em Penglai, na província de Shandong. As condições locais permitem o crescimento de uvas de boa qualidade, como as espécias Cabernet Gernischt, Cabernet Sauvignon e Chardonnay. Além de Shandong, a Changyu está construindo vinícolas em Xinjiang, Beijing, Nova Zelândia, França e Itália, visando a formação de uma rede internacional. As diversas produções vão satisfazer um leque variado de clientes.
O enólogo, considerado a alma de vinho, tem um papel fundamental na elaboração de um vinho fino. Para internacionalizar sua equipe, a Changyu lançou um concurso público para contratar enólogos-chefes em todo o mundo, com o atraente salário anual de mais de um milhão de yuans.
"Nossa equipe conta com enólogos chineses, franceses e australianos. Na vinícola de Beijing, é o enólogo-chefe francês quem controla a tecnologia e a qualidade de toda a empresa."
A Changyu se destaca também por inovar seus canais de parceria, sob a promessa de ganho recíproco. A empresa conseguiu o direito de representar marcas internacionais famosas e de vender os produtos delas. Além disso, estabeleceu acordos com empresas estrangeiras para aumentar suas vendas no exterior. Sun explica:
"Nossa empresa possui uma rede mercadológica completa que cobre todo o país, consolidando as vendas. Além de produzir bom vinho, somos capazes de vender nossos produtos. Instituímos também empresas de gestão, logística e contabilidade para servir nossos representantes e clientes."
A estratégia arrojada da Changyu pretende o sucesso. Apesar de manter-se com os pés firmes no país, a empresa tem conceitos chineses próprios para se abrir ao mercado mundial.