Na Província de Jiangsu, leste da China, os arquivos locais estão incentivando os moradores a colecionar esses itens, oferecendo caixas de arquivos de graça e orientações sobre como preservá-los. O departamento provincial de arquivos desenvolveu um software gratuito para os residentes gerenciarem e digitalizarem os documentos.
Com a ajuda dos arquivos, Xu Xiaozhen, de 64 anos, em Nanjing, capital de Jiangsu, classificou seus pertences em 20 caixas de arquivo e guardou-os em prateleiras.
O documento mais antigo foi uma carta que ele escreveu para o pai em 1961.
"Eu estava na escola primária enquanto papai trabalhava fora de casa", lembrou Xu. Naquela época, jovens educados como o pai dele foram estimulados a ir para áreas pobres.
Ele escreveu a carta antes da Festa da Primavera em uma página arrancada de um livro da escola.
"Você deve tomar cuidado enquanto estiver sozinho", escreveu Xu, acrescentando que a família comprou dois patos para o feriado.
Meio século depois, o pai devolveu a carta.
Xu também manteve a carta do trabalho necessária para sua viagem de casamento, cortes de papel feitos para o casamento e o certificado de graduação do pai.
Xu, um juiz aposentado, disse que a sua coleção mais valiosa consiste avisos de reuniões da última década.
"Em um ano tivemos que comparecer a mais de 100 reuniões", afirmou. "Era um formalismo puro. Eu sabia que isso iria mudar. Olha, agora é muito melhor", disse.
"O que eu preservei não são apenas coisas antigas, mas parte da história", disse. "Com o passar do tempo, podemos formar novas ideias sobre assuntos antigos."
De acordo com a agência de arquivo de Jiangsu, cerca de dois mil famílias em Nanjing consultaram a agência sobre o início de seus próprios arquivos familiares.
"Planejamos adicionar mil famílias até o final deste ano", disse Cui Liping, com a agência de arquivo municipal de Nanjing.
A maioria dos arquivos é armazenada por moradores em casa, mas eles podem manter os valiosos na agência de arquivos. Os arquivos podem incluir diários, cartas, manuscritos, fotografias, fitas e diplomas.
"Os documentos de cada família refletem as mudanças que passaram ao longo das décadas, enquanto as coleções de muitas famílias reunidas refletem o desenvolvimento da sociedade", disse Cui.
He Xingyun, 84, começou a manter contas financeiras para sua própria família em 1958, anotando seus rendimentos e despesas todos os dias. Os 22 livros de registros que variam de dois centavos para uma agulha a 600 mil yuans (US$ 88 mil) para uma casa. Nos últimos 59 anos, o preço de um pão cozido no vapor subiu de 20 centavos para um yuan.
"Graças ao diário, nunca discutimos questões financeiras", disse He à Xinhua. "Os livros oferecem um pequeno olhar sobre o crescimento econômico da China."
Xu Yun, uma professora aposentada na década de 1970, a filha e a neta dela mantiveram registros detalhados de suas vidas diárias. Os diários foram publicados como um conjunto, mostrando as mudanças nas experiências das mulheres de geração em geração.
"Com os diários, gostaria de contar às pessoas, aos nossos descendentes em particular, a respeito da lealdade e do amor em nossa família", disse Xu.
Xu Xiaozhen forneceu folhetos publicados durante a Revolução Cultural (1966-1976) ao departamento de arquivo provincial. Ele espera que seu filho preserve o restante da coleção no futuro.
"Não espero que tudo seja transmitido", disse. "As gerações posteriores podem perder algo e adicionar outras coisas para tornar o arquivo familiar atemporal".