No centro da cidade de Lanzhou, na província de Gansu, noroeste da China encontra-se a Escola de Danças de Dunhuang, batizada com o nome de Xu Qi, antiga diretora do Conjunto Artístico de Dunhuang. Com 63 anos, ela aparenta menos idade e mantem relações muito próximas com alunos, tratando-os como netos, além de trabalhar com muito afinco.
Conversando alegremente com nossa reportagem sobre sua carreira artística, Xu disse que, desde pequena, gostava muito de dançar e sonhava estudar na faculdade. Mas, seu sonho não foi concretizado. Quando tinha 18 anos, foi admitida pelo Conjunto Artístico de Lanzhou, antigo grupo de canto e dança da província de Gansu. Xu afirmou:
"Meu estudo na escola secundária foi muito bom. Preferia dançar e cantar. Gostava de participar de atividades artísticas, tais como danças e coreografias. Além disso, era ginasta amadora, pois possuía talento para ser dançarina."
Começou a trabalhar em 1960 no Conjunto de Canto e Dança da Província de Gansu. Nas horas de folga, ela sempre ajudava o chefe do conjunto nas coreografias. No final da década de 70, o conjunto criou o bailado "Rota da Seda", baseado na história dos frescos de Dunhuang. Ele era era muito admirado tanto na China como em outros países, como Coréia do Norte, Japão, Itália, França, Tailândia, Rússia, Letônia e, também, em Hong Kong e Taiwan. Esta peça foi considerada a ressucitação dos frescos. Além de ser coreógrafa deste bailado, Xu também atuou.
"Para criar esta obra, fomos a Dunhuang para estudar sua história. Além disso, visitamos eruditos e especialistas desta área. Com nossos incansáveis esforços, chegamos a coreografia deste bailado."
Depois desta obra, Xu dedicou-se às coreografias para programas de televisão. Para desenvolver a cultura de Dunhuang, Xi Zhenguan, antigo diretor do Conjunto Artístico de Dunhuang, estudou em 1992 muitas músicas antigas divulgadas na região de Dunhuang e esperou que Xu adaptasse algumas para os bailados.
Em 1900, na gruta Mogao, uma das maiores de Dunhuang, foram desenterradas muitas relíquias culturais e frescos dos séculos IV à XIV, muito importantes para os arqueólogos e historiadores estudarem a cultura, hábitos e costumes locais. Neste último século, muitas peças preciosas de Dunhuang, inclusive uma música escrita em sinais, foram roubadas e levadas para o exterior. A original da música que se encontra agora na França era considerada um livro desconhecido. Ninguém sabia sobre sua existência.
Durante sua estadia na França, o flautista Xi Zhenguan copiou esta antiga música e trouxe para China. Depois de um estudo persistente durante muitos anos, ele conseguiu traduzi-la.
O diretor Xi pediu a ajuda da Xu na criação de um bailado acompanhado pela música. Xu aceitou alegremente o pedido de seu colega
A partir de 1992, a Xu e o Xi trabalharam exaustivamente para a criação do bailado "Músicas Clássicas de Dunhuang" que se divide em 4 capítulos. Esta obra apresentou aos espectadores cantos e danças da corte, populares, militares e budistas, obtendo o prêmio Wenhua, o mais conhecido prêmio artístico da China. Este bailado também foi muito admirado no exterior. Depois desta obra, Xu criou outras peças, tais como "Jovem Tibetana Simpática" e "Cavalo Celestial", representações da arte de Dunhuang. Ela afirmou ainda:
"Nossos antepassados nos legaram uma rica cultura. Estas peças demonstram que as danças clássicas chinesas devem e podem ser desenvolvidas."
Embora esteja muito ocupada na adminsitração da escola de danças de Dunhuang, Xu Qi continua lecionando, esperando que seus alunos se qualifiquem e obtenham sucesso nesta área.