Cai Zhengren é um dos atores da ópera Kun mais famosos na China. Uma das obras-primas dele foi a peça clássica Changshengdian (Pavilhão da Longevidade, em tradução livre).
A peça Pavilhão da Longevidade é uma obra do famoso escritor chinês Hong Sheng, no século XVII, inspirada na história de amor entre o imperador Li Longji (Tangminghuang), da dinastia Tang (618-907), e sua concubina Yang Yuhuan. A concubina Yang era tão bela que levava o imperador Li a se descuidar nos assuntos de Estado. Os caudilhos militares aproveitaram para se sublevar e obrigar o imperador a matar Yang.
Além de contar o amor entre o imperador Li e a concubina Yang, a Pavilhão da Longevidade reflete as turbulências sociais e o sofrimento da população, criticando o imperador por se perder no amor e se descuidar do Estado. Desde a época quando era ainda aprendiz, Cai Zhengren começou a interpretar o papel. Ele falou assim sobre seu entendimento do imperador Li.
"Para muitas pessoas, Li Longji era um homem volúvel no relacionamento com as mulheres. De fato, essa é uma impressão comum sobre qualquer líder da época feudal chinesa. Mas eu senti que o imperador Li Longji realmente nutria um amor sincero para com a concubina Yang, o que era raro entre imperadores chineses. Interpreto o papel desse jeito".
O pai de Cai era um fã de teatro e sempre o levava à ópera. Foi assim que nasceu a paixão de Cai Zhengren por essa arte. Em 1954, ingressou no curso da ópera Kun de Shanghai, iniciando sua carreira artística.
Na década de 1960, foi fundado em Shanghai o Grupo da Ópera Kun. Cai Zhengren entrou para a lista dos dez melhores atores da entidade. Em 1961, visitou Hong Kong e levou a peça Baishezhuan (Lenda da Serpente Branca), em que Cai deu vida a Xu Xian. Seus gestos e expressão foram bem aplaudidos. Em 1982, sua carreira atingiu o auge em Suzhou, onde ganhou o título "personagem representativa da ópera Kun da China".
No círculo da ópera Kun, Cai Zhengren ganhou o apelido de "Tangminghuang vivo" por interpretar o papel há várias décadas. Cai falou:
"Não imaginava que ainda receberia tantos convites nesta idade. Há um número crescente de pessoas que apreciam a ópera Kun, sobretudo os jovens. Antes ficávamos sempre preocupados com a bilheteira e agora tudo mudou. Dividimos o Pavilhão da Longevidade em quatro partes e muitas pessoas vêm assistir. Sinto agora muita responsabilidade em relação à divulgação desta arte".