Foi em uma manhã, bem cedo, quando Altengaro, de 30 anos, se despediu de suas 600 ovelhas e 50 cavalos no pasto da Liga Xilin Gol, da Região Autônoma da Mongólia Interior e se deslocou rumo a Beijing. Depois de 12 horas de viagem de ônibus, ele foi diretamente para um estúdio na avenida Dongsi, onde seus "irmãos" ensaiavam para a primeira turnê pela América do Norte. Com certeza, Altengaro sempre levará seu Hubosi, um instrumento de cordas da etnia mongol.
"Podemos sentir o aroma de erva nele", disse Zhu Zhizhong, de 52 anos, o produtor que convocou três músicos mongóis para formar a banda Ih Tsetsn em 2008. O grupo vai fazer concertos no Smithsonian Folklife Festival, em Washington, que ocorre entre 25 e 29 de junho e 2 e 6 de julho.
Altengaro não via seus colegas desde seu último concerto em Beijing, há seis meses. Mas quando eles começaram o ensaio, parece que o tempo sequer passara.
Zhu Zhizhong, também nascido na Mongólia Interior, produz música étnica há 20 anos. Em 2004, ele participou de um programa do Canal de Música da Televisão Central da China (CCTV), quando encontrou muitos artistas mongóis que davam espetáculos em bares e restaurantes em Beijing.
A performance deles de Morin Khuur (um instrumento mongol de cordas), Khoomei ( um tipo de cantar) e Urtiin Duu (a canção longa), despertou o lado nostálgico de Zhu. Daí a sua decisão de trabalhar pela divulgação da arte de sua terra natal.
"O Morin Khuur e o Khoomei são intimamente ligados à cultura nómade da Mongólia. A história data do Império Mongol, no século XIII. Esta não é só a música, mas uma parte integral de rituais e atividades cotidianas dos mongóis", explicou Zhu Zhizhong.