"Para a gastronomia brasileira, eu tenho que dizer em relação a nosso povo, a nossa gente, a essa frase de 'você é o que você come', o brasileiro é alegre, é festivo, é colorido, é multicultural, e a nossa gastronomia também é assim", disse Paulo Machado, chef do Instituto Paulo Machado, na quinta-feira no fórum "As Perspectivas da Cooperação Comercial e Desenvolvimento entre Brasil e China" na ocasião da Feira Internacional de Comércio de Serviços de Beijing.
O chef está passando uma temporada de quase dois meses aqui na China, a convite da embaixada do Brasil para realizar o primeiro festival de cozinha brasileira em Beijing e na China. Segundo ele, o festival apresentou produtos muito marcantes de regiões do Brasil. Por exemplo, óleo de dendê. "E a aceitação foi muito bacana porque os chineses, assim como brasileiros, gostam muito de comer, e mais ainda os chineses têm um apreço pelo valor cultural que a sua gastronomia tem. E o brasileiro está começando a aprender isso com outras culturas. Acho que a cultura chinesa pode nos ensinar muito bem a entender melhor o que a gente tem na nossa gastronomia."
Sim, a cultura chinesa valoriza muito a "arte na cozinha". Há mais de dois mil anos atrás, Confúcio da China já dizia "quanto mais finos os cereais forem pilados e a carne for cortada, é melhor". Isso é um pouco parecido como a paixão dos brasileiros pelo futebol. Na opinião de Li Jianhong, comentarista de futebol da Televisão Central da China que conheceu o Brasil em 2006 no período da Copa do Mundo, os dois países precisam se conhecer melhor e o futebol pode ser uma boa plataforma.
"Quando Conca chegou a Guangzhou, no caminho do aeroporto para a cidade, ele olhou com muita atenção a cidade através da janela do carro, e só sentiu-se relaxado quando viu que aqui também tem edifícios altos", Liu compartilhou no fórum uma história sobre o jogador argentino que jogava no Brasil e agora defende o Guangzhou Evergrande da China. Segundo ele, para a maioria dos brasileiros a China é um país que fica longe e é estranho, e eles não conhecem muito sobre o desenvolvimento do país. "O futebol e outros esportes são uma boa forma para se conhecer melhor, assim como uma boa forma de realizar intercâmbios econômicos", disse Liu.
De acordo com o comentarista, na década de 1980 a China começou a enviar jogadores de futebol ao Brasil e atualmente dezenas de adolescentes estão aprendendo futebol no país. No entanto, o país vizinho, o Japão, já teve até mais de 20 mil jovens treinando no Brasil.
Além disso, Liu apontou que o comércio de jogadores é um dos dez pilares do comércio exterior do Brasil, que exporta muitos jogadores de futebol, e "todos os melhores clubes do mundo têm jogadores brasileiros". "O Brasil tem grandes recursos neste setor, o que a indústria de futebol chinesa não pode ignorar, e deve conectar-se mais a isso".
Na opinião de Liu, atualmente entre a China e o Brasil os intercâmbios econômicos e comerciais são mais fortes que em outros setores, como a cultura, mas "este atraso será eliminado em breve". Quanto à Copa do Mundo em 2014, o comentarista, que é bem conhecido na China, recomenda que os chineses assistam os jogos no Brasil. "Mesmo que o país seja muito longe, quando o futebol chegar ao reino do futebol, a atmosfera será única. Por outro lado, o Brasil possui paisagens magníficas, tanto as florestas, as cataratas de Iguaçu, como as praias, assim como uma mistura de culturas, todas valem muito a pena ser conhecidas pelos chineses", disse.
No mesmo fórum, outro palestrante, Bian Chungang, conselheiro da Associação de ex-diplomatas da China, indicou que essas atividades, incluindo futebol, gastronomia, e apresentações de óperas, etc., podem melhorar os intercâmbios culturais entre a China e o Brasil, os quais são uma importante parte dos intercâmbios bilaterais e podem promover o desenvolvimento das relações entre os dois países.
Além do fórum, na feira que acontece de 28 de maio a 1º de junho, foi montado um espaço para mostrar o Brasil, onde são apresentados a indústria aérea, o vinho, e outros setores do país e os visitantes podem experimentar o sabor original do café brasileiro.
Por Xinhua