Desde que foi estabelecido, em 1964, o leprosário na ilha já tratou centenas de doentes. Atualmente, 19 pessoas se encontram no local. A dificuldade de acesso e o medo das pessoas fazem da ilha um verdadeiro lugar abandonado.
Entre 1964 e 1972, oito diretores diferentes passaram pelo hospital. Devido às más condições e ao ambiente fechado, todos abandonaram a função. Mas Jiang Zhiguo foi uma exceção.
"Troco os curativos dos pacientes."
"Com que frequência?"
"Uma vez por dia."
Ao longo dos últimos 40 anos, cuidar dos doentes é praticamente a única atividade do Doutor Zhiguo. No entanto, quando chegou à ilha, a primeira vontade foi de abandonar o local a todo custo.
"A maioria dos leprosos tem os olhos e bocas tortas, assim como as mãos na forma de pés de galinha. Depois de 15 dias na ilha, pedi folga ao diretor. Fui para casa e não queria mais voltar."
Jiang Zhiguo adiou seu retorno à ilha por dois meses. Foi quando sua mãe o lembrou de suas obrigações como médico, dizendo que ele deveria cumprir sua missão. Zhiguo obedeceu a mãe e voltou ao trabalho. Com o passar do tempo, ficou tocado pelos olhares de solidão e os gemidos de sofrimento dos pacientes. Cresceu dentro dele um sentimento de responsabilidade, que o fez optar por permanecer na ilha.
sonora da canção do doente
A canção foi apresentada por Yi Yibo. A sua volta, quatro idosos jogam Mahjong chinês. Todos eles sofrem com a doença. Yi, de 61 anos, trabalhava como professor e sempre foi uma pessoa extrovertida. Em 1971, chegou à ilha arrastando sua perna esquerda afetada pelo mal. Não suportando o choque da vida, Yi se jogou no rio por três vezes, mas foi salvo pelo médico. Após um período de tratamento, seu estado físico ficou estável. Até se casou com outra moradora da ilha.
O doutor Jiang Zhiguo mora na ilha com a esposa e três filhos. O que mais incomoda o médico é a discriminação, sobretudo a que os filhos sofrem por colegas e professores.
"Sinto muita solidão na ilha. Mas não quero visitar meus parentes, pois tenho receio de que eles me discriminem, dizendo que eu trabalho com a lepra, que é contagioso."
Com o esforço de Jiang Zhiguo, o ambiente do alojamento na ilha melhorou bastante. O hospital conta com salas de entretenimento e ginásio, além dos quartos de internação. Hoje, a antiga "ilha do terror" mudou sua aparência. Jiang Zhiguo e seus pacientes plantaram pinheiros, laranjeiras, pereiras e chá.
O médico já tem idade para se aposentar. Mas não consegue se separar dos seus pacientes. Jiang Zhiguo confessa que passou o melhor período de sua vida na ilha e dia que, quando morrer, seu coração permanecerá no local.
(Por Li)