A felicidade e a morte sempre parecem um contraste. Porém, nas palavras de Bi Shumin, os dois opostos estão juntos. Com a paciência de uma psicológa, ela ajuda as pessoas na busca da felicidade; com a responsabilidade de uma médica, ela ensina as a enfrentar com calma a morte; com a visão penetrante de uma escritora, ela mostra em suas obras a beleza da vida. Médica, escritora e psicóloga, três profissões reunidas numa única pessoa. Ela é Bi Shumin, uma escritora chinesa.
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"Para mim, as profissões que estou exercendo - médica, psicóloga e escritora- são a mesma coisa, apenas com diferentes meios de expressão. Acho que a vida é curta, frágil, preciosa e solitária. Nessa trajetória limitada, quero passar com mais alegria e os momentos de tristeza, receber mais apoio, assim como deixar menos arrependimentos possíveis até o fim da minha vida."
Um dos destaques das obras de Bi Shumin é a descrição do processo de vida - nascimento, envelhecimento, doença e morte, em particular o alerta para a morte.
Bondosa, otimista, simpática e calma, essas características surgiram quando Bi tinha 17 anos e foi mandada para a região tibetana como médica militar. É uma zona de encontro das maiores montanhas do país, com uma altitude média acima de cinco mil metros. Na altura, Bi testemunhou, chocada, o falecimento de colegas, o que fez ela começar a pensar no significado da vida.
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"No Tibet, percebi que a vida é curta, sobretudo em comparação com as montanhas, que foram formadas ao longo de centenas de milhões de anos. Quando tratei dos corpos de meus colegas, que eram muito jovens, sempre pensava que o mesmo destino poderia cair na minha cabeça a qualquer momento. Por isso, decidi passar minha vida com alegria. Essa decisão, que tomei quando tinha 17 anos, nunca mudou até agora."
Nascida em 1952 na Região Autônoma da Nacionalidade Uigur, Bi voltou para Beijing com a mãe um ano depois. Em 1969, foi admitida pelo exército e serviu durante três anos no Tibet. O momento mais dramático foi o testemunho da morte de colegas mais próximos. Sendo médica militar, ela tinha que enterrá-los com as próprias mãos. Os sentimentos experimentados no Tibet, porém, acumularam-se ao ponto de ela sentir necessidade de expressá-los com a caneta. Aos 34 anos, concluiu a obra-prima Morte Precoce em Kunlun em apenas uma semana, descrevendo a vida dos militares na pradaria tibetana. Desde então, Bi iniciou a carreira como escritora.
Sobre esse título, Bi se impôs três condições: dizer a verdade, compartilhar e buscar a beleza absoluta. Ela acha anti-ético um escritor que escreve coisas que ele mesmo não acredita. O compartilhamento é o objetivo de seu trabalho. Compartilhar os sentimentos, as opiniões, para oferecer ajuda aos outros. Por fim, para fazer o público gostar de seu livros, ela tem que fazer tudo o mais perfeito possível.
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"Não existe perfeito absoluto no mundo, mas é o que sempre procuro. Penso que é preciso poder ligar uma vida individual a mais vidas."