Os progressos alcançados nas ciências naturais pelos chineses na antiguidade, de um modo geral, estão hoje em desuso, tendo sido substituídos pelo sistema científico moderno do Ocidente. As únicas exceções talvez sejam a medicina e a farmacologia tradicionais chinesas, que formam um sistema científico único. Hoje em dia, os chineses ainda acreditam nelas, embora a medicina ocidental seja praticada por toda a parte. Para os brasileiros, a medicina chinesa deixou de ser uma coisa misteriosa, e está cada vez mais próxima do povo brasileiro.
BG 5 Paulo Vieira
"A gente não pode esquecer que tudo que é diferente também atrai, como a acupuntura, que era considerada algo misterioso, um segredo. E agora, as pessoas estão cada vez mais informadas de que a acupuntura também tem base científica."
Daniela Galvão é uma geriatra. Ela apreendeu a medicina chinesa há três anos no Brasil, e veio para a China buscar mais conhecimentos. Sendo uma médica que aplica a medicina chinesa em combinação com a ocidental, ela tem a sua compreensão própria sobre a diferença entre elas.
BG 6 Daniela Galvão
"A medicina chinesa é bem completa, pois busca as raízes dos problemas. Já a medicina ocidental vai mais na solução dos problemas sem procurar muito a causa. Nós temos muitos avanços na parte de imagem, para vocês fazerem uma tomografia, uma ressonância. Mas o ser humano como todas as partes, física, mental, energética, isso vem da medicina oriental. Isso ajuda o ocidental."
Agora, na clínica de Daniela, as pessoas estão procurando bastante o tratamento com a medicina chinesa, principalmente os idosos.
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"Elas estão tendo uma consciência de que não adianta tratar os problemas sem saber a causa deles. Não adianta tomar o medicamento sem saber a causa do problema. E às vezes, isso traz efeitos colaterais, e a acupuntura resolve isso também."
Para Daniela, esta é sua primeira vez na China. Ao falar de sua impressão sobre este país, ela disse que ficou mais impressionada com os idosos daqui.
"Estou encantada com os idosos daqui, pois os idosos no Brasil não têm a saúde que os idosos chineses têm. Então aqui, eles são mais saudáveis, são mais ágeis, eles têm mais disposição para praticar atividade física, têm uma alimentação mais saudável. E no Brasil não é assim, atingem uma idade e já apresentam muitas doenças."
No curso, os estudantes visitam e fazem estágio nos hospitais da medicina chinesa, além das aulas especializadas.
"Montamos as aulas de acordo com a demanda diferente de cada grupo. Há grupos que buscam determinadas áreas de atuação. Mas as matérias que sempre se repetem em todos os grupos são doença ginecológica, obesidade, para emagrecimento, síndrome de dor, são as mais procuradas sempre."
Segundo se informou, há mais de 600 mil pessoas em São Paulo que procuram o tratamento com medicina chinesa anualmente, enquanto os profissionais de acupuntura são apenas entre 2.500 e 3.000. Os dois países têm um grande espaço de cooperação nessa área.
"Há uma grande expansão de cooperação. A partir de 2001, registrou-se um crescimento no número de pessoas interessadas, até que organizamos dois ou três grupos para a China anualmente. Há também os brasileiros que vêm para a China fazer mestrado ou doutorado em medicina chinesa. Os profissionais chineses são também convidados para dar aulas nas universidades do Brasil."
(Por Li Mei)