culinaria0320 |
Apesar disso, é a comida chinesa que predomina, com restaurantes locais ou de outras províncias e com uma diversidade de oferta ao nível da comida de rua que só não é uma atração turística porque ainda se fala pouco do assunto.
Descendo a Calçada do Botelho, entre o Jardim Camões e o Porto Interior, é difícil não reparar na nuvem de vapor que se concentra a poucos metros do início da rampa. Quem usa óculos deve fazer uma aproximação cautelosa, para evitar bloqueios visuais súbitos, mas nada mais impede o acesso à loja de Wun Lon Lam, frente aberta para a rua, sempre a receber clientes.
O vapor resulta das enormes panelas onde se fazem os crepes que servirão de base para o cheong fan, rolos de farinha de arroz com diferentes sabores e recheios que se comem com molho de amendoim, picante e molho de soja. O processo é inteiramente artesanal e feito à medida que os clientes vão fazendo os seus pedidos. Numa das panelas, quadradas, Wun coloca um pano branco sobre uma rede que deixa passar o vapor em doses generosas.
Sobre esse pano, despeja uma concha de massa de farinha de arroz e tapa a panela. Poucos minutos depois, coloca o cebolinho e o alho, ou o fígado de porco, ou o ovo cru. Quando o preparado está cozinhado, retira-o com o pano, coloca-o sobre uma bancada limpa e, com uma espátula, separa a placa de massa do pano, enrolando-a e cortando-a em pequenas porções.
Wun Lon Lam foi cozinheiro em vários hotéis e casinos de Macau, mas há quatro anos decidiu que era altura de ter o seu próprio negócio. "A minha mulher já tinha este espaço, mas não sabia o que fazer com ele. Decidimos investir neste negócio, procurámos receitas, fizemos experiências e aqui estamos", conta o cozinheiro. Para além dos rolos de massa de arroz, também ali se faz congee de pato, carne com legumes e massa com vários acompanhamentos, mas a variedade não esconde a certeza de ser o cheong fan o prato mais vezes pedido pelos clientes. A razão da preferência é fácil de perceber: o sabor, intensificado pelos molhos que nunca escondem o mais importante, e a firmeza da massa acabada de cozer, acomodando com harmonia cada um dos recheios sempre frescos.
Fonte: http://www.revistamacau.com/2016/02/11/comida-de-rua-um-dos-tesouros-de-macau/