Zhukula é uma remota vila situada na zona sudoeste da província de Yunnan, mais especificamente no distrito de Binchuan. Com uma população de cerca de 2 mil habitantes (pertencentes à etnia Yi), a história de Zhukula e a história da plantação de café na China são indissociáveis. No programa de hoje vamos ficar a conhecer esse famoso lugar.
Em 1892, o missionário francês Tian Deneng (nome chinês) chegou a Zhukula para conduzir a evangelização da região. Além de ter construído uma capela, Tian Deneng supervisionou os trabalhos pelos quais hoje é mais lembrado: a plantação de um cafezal. Foi assim introduzido na vila o hábito de tomar café. Os aldeões aprenderam as especificidades da planta e rapidamente o comércio do café se tornou numa realidade. Li Fusheng, com 86 anos de idade, partilhou com o nosso repórter:
"Aquele cafezal foi plantado pelo missionário Tian há 117 anos. Quando eu era uma criança, as plantas tinham a altura de uma casa. O tamanho das suas raízes era enorme!"
Rodeada pelo rio Yupao, um braço do rio Jinsha, Zhukula encontra-se bastante isolada, e o acesso é condicionado pela dificuldade sentida em percorrer as vias de ligação. A viagem entre Pingchuan e Zhukula leva uma hora de caminho. Falando acerca da história do café em Yunnan, Tan Jialing, o responsável de Pingchuan, afirmou:
"O cafezal de Zhukula, com os seus cerca de 8,7 mil metros quadrados, é considerado a plantação de café mais antiga da China devido à presença de 24 pés da planta do café com mais de 100 anos. Da família do café arábica, este é o antepassado do café chinês."
Na verdade, o surgimento da plantação de café em Yunnan não se deve a um golpe do acaso. As condições meteorológicas da região são ideais para o cultivo do café, fato comprovado pela Organização Internacional do Café que atribui ao café de Yunnan uma qualidade bem próxima à do café da Colômbia. Atualmente, 95% da produção de café da China tem origem em Yunnan.
Guiado por Qi Fenghua, secretário do Partido Comunista de Zhukula, o nosso repórter percorreu a vila, seduzido pelo aroma do café. Referindo-se ao hábito de tomar café, já enraizado na cultura local, Qi Fenghua comentou:
"Toda a gente, tanto homens como mulheres, adora tomar café. A moagem do café é feita em casa, através de um processo secreto que não é partilhado com a mulher nem transmitido às filhas."
Qi Guanghui e Li Fusheng, ambos de 90 anos, testemunharam a evolução do cafezal de Zhukula. Em 1948, Li Fusheng estimulou os aldeões a plantar mais pés. No seu auge, a área plantada atingia os 53 mil metros quadrados. Uma nevasca ocorrida em 1983 gelou e destruiu a maior parte dos pés plantados, sobrevivendo apenas os atuais 8,7 mil metros quadrados, constituídos por 1134 pés da planta de café. Em relação ao que torna o café de Yunnan especial, Huang Shuyun, investigadora cultural, afirmou:
"Um especialista de café da Malásia salientou que a preservação do café de Yunnan garante a presença do café chinês na história mundial de café. O café de Zhukula é do tipo de bourbon, raramente visto na Província de Yunnan. Temos que proteger este cafezal."
Nos últimos anos, o governo local despertou para a importância da proteção e comercialização do café de Yunnan. O governo do Distrito de Binchuan destina anualmente 100 mil yuans para apoiar a marca "Café Centenário de Zhukula". Da nossa parte, desejamos que esta vila beneficie do aroma, história e cultivo do seu famoso café - o aromático café de Zhukula.