O centro de Beijing, capital da China, abriga a Cidade Proibida, antiga residência dos imperadores das Dinastias Ming e Qing. O complexo está rodeado de monumentos arquitetônicos da antiga corte, sendo o Templo do Céu o mais famosos deles.
Há cem anos, a revolução que instituiu a República da China demoliu o império feudal chinês de mais de 2 mil anos. O fim do feudalismo significou também o fim da missão desses magníficos templos. O conjunto de construções reais de Beijing é hoje uma concorrida atração que atrai todos os anos milhares de turistas. Para conhecer melhor a história dessas maravilhas feitas pelas mãos do homem, o repórter da CRI entrevistou Wu Caijun, diretor das Relíquias do Jardim do Templo do Céu.
"A arquitetura de templos na China existe há milhares de anos. Por que tantos anos?Porque os templos são considerados espelhos da moralidade e dos conceitos tradicionais da China, e neles estão contidas muitas coisas sobre a cultura ancestral do país."
Segundo Wu Caijun, o sistema de sacrifício, importante parte da cultura tradicional chinesa, foi formado há mais de 2200 anos. Oferecer sacrifícios aos deuses celestiais era um direito exclusivo da família real. Há 800 anos, ou seja, durante as dinastias Jin e Liao, a cultura do sacrifício real foi transferida para Beijing, o novo centro político da China na época.
"A construção de templos em Beijing começou nas Dinastias Liao e Jin, e eles passaram a ser considerados importantes obras infraestruturais da capital, visto que Beijing se tornou o centro político do norte da China."
Imperadores de todas as dinastias eram muito atentos às cerimônias de sacrifício, e delas participavam pessoalmente. Para realizar uma cerimônia solene, a família real tinha de dispor de muitos recursos materiais e pessoais. O organização da cerimônia de sacrifício do Solstício de Inverno no Templo de Céu, por exemplo, demandava dos astrólogos a previsão da data mais indicada com um ano de antecedência. A outros departamentos era dada a incumbência de selecionar as melhores cabeças de gado para o sacrifício que ocorreria naquele período. Além disso, a manutenção dos edifícios do complexo do Templo do Céu, das ruas que o separavam da Cidade Proibida e do lugar do sacrifício tinha de ser feita antes do evento. A três dias da cerimônia, o imperador entrava em jejum.
"Segundo registros históricos, 1300 pessoas compunham a comitiva de honra do imperador que participaria da solenidade. Na verdade, deveria haver muito mais funcionários envolvidos nela."
Cem anos atrás, a Revolução Xinhai acabou com a última dinastia feudal da China, pondo fim à função de seus templos reais. Por falta de manutenção, esses templos pouco a pouco foram ruindo. Depois da fundação da República Popular da China em 1949, o governo chinês instituiu projetos de restauração e preservação da antiga arquitetura. Nessa época, o Templo do Céu foi catalogado como uma valiosa relíquia nacional.
"As autoridades deram muita atenção à manutenção do Templo do Céu, que foi palco de grandiosas atividades nos últimos anos. As obras de restauração e manutenção se estenderam à Sala de Oração por Boas Colheitas, ao Altar Circular, à Abóbada Imperial Celestial e a outras construções do complexo. Neste momento, estamos reparando o segundo muro do altar, para retomar seu estilo original."
Além da atenção à arquitetura antiga, chineses e estrangeiros têm compreendido o grande valor cultural dos templos e altares. Para Wu Caijun, isso está relacionado ao crescimento econômico nacional e à evolução do pensamento e da conscientização, que se refletem em respeito à cultura e às tradições da China.