Situada numa região montanhosa no nordeste da província de Jiangxi, Wuyuan tem florestas exuberantes, inúmeras fontes de água e ar puro e fresco. Dezenas de antigas aldeias, lindas e singelas, se espalham entre as montanhas verdes e riachos cristalinos. Na antiguidade, Wuyuan pertenceu ao distrito Huizhou, por isso, tanto a arquitetura quanto os costumes populares guardam características daquela época.
Na primavera, Wuyuan revela seu lado mais atraente. Em março e abril, inúmeros turistas de todo o país, muitos deles aficionados por fotografia, vêm até Wuyuan atraídos pela floração das colzas. A partir do momento em que a colza atinge a plenitude, ostenta sua implacável beleza por mais de um mês. Do alto do monte dá pra contemplar o campo infinito, todo coberto por flores douradas que mais se parecem a um tapete grosso. As casas aglomeradas ao estilo de Huizhou, de muros rebocados de cal e telhados cinza, são rodeadas pelo mar de flores. Que paisagem bucólica lindíssima!
O senhor Wu, de 57 anos, veio de bicicleta de Xiangyang, na província de Hubei, a Wuyuan. E parece que a viagem valeu muito a pena!
"Esta é minha primeira vez aqui. A viagem de bicicleta de Xiangyang até Wuyuan durou seis dias. Meu principal objetivo é fotografar as flores de colza e apreciar a paisagem. Esse lugar é muito bonito, merece mesmo o título de 'a zona rural mais linda da China'!"
Depois de apreciar a beleza natural do lugar, vamos a Likeng, outra das aldeias de Wuyuan, para conhecer a aclamada arquitetura local. Likeng está a 12 quilômetros da sede distrital de Wuyuan. As construções do tempo das dinastias Ming e Qing se dividem entre as duas margens de um riozinho de águas calmas, às vezes incomodado pela passagem lenta de algum barco. Casas e lojinhas se aglomeram nos dois lados da ribeira e se ligam por estreitas pontes de pedra.
As construções da aldeia Likeng são representantes do estilo arquitetônico da antiga Huizhou, região que compreendia parte das atuais províncias de Anhui e Jiangxi. As moradias, templos ancestrais e arcos comemorativos dessas regiões mantêm perfeitas as características da arquitetura de Huizhou, que são, principalmente, os "muros rebocados de cal", "telhados de cor cinza" e "cumeeira de cabeça de cavalo". A senhora Liu, guia local, nos falou especialmente sobre a "cumeeira de cabeça de cavalo".
"Todas as construções têm cumeeiras de cabeça de cavalo. Ela foi assim denominada porque sua forma é muito parecida com a cabeça de um cavalo. Além de embelezar, esse tipo de cumeeira desempenha o papel de impedir a propagação do fogo. Na antiguidade, a maior parte dos móveis de uma casa era feita de madeira, aumentando as chances de incêndio. A cumeeira de cabeça de cavalo podia garantir a segurança dos vizinhos."
As esculturas em madeira, pedra e tijolo da arquitetura Huizhou são extremamente refinadas e belas. A guia Liu nos contou que as esculturas não apenas decoram a casa, mas revelam os ideais de seu dono. Como exemplo, ela nos mostrou a parede de uma residência de um funcionário da dinastia Qing, cujos blocos de pedra são esculpidos de forma muito especial.
"Olhem aquilo ali em cima. É um livro. Ele está na posição mais alta do quadro porque na sociedade daquela época as pessoas acreditavam que "ser um sábio era estar no topo da sociedade." O dono da casa entendia que, quanto mais se aprendia com os livros, maiores eram as chances de conseguir altos cargos e riqueza."
Em Wuyuan, encontramos o turista e estudante francês Thierry. Ele nos revelou suas impressões sobre a arquitetura local nesta que é sua primeira viagem à China.
"Maravilhosa! Depois de passar por algumas grandes cidades chinesas, estou muito contente por conhecer a zona rural do país. Li livros sobre a arquitetura da antiga Huizhou. Essas casas foram construídas há 200, 300 anos. São lindíssimas!"