Quando se fala da China, qual é a primeira coisa que vem à sua mente? Será o urso panda, a Grande Muralha, ou o exército de terracota? Para a maioria dos chineses, o símbolo mais representativo do nosso país continua sendo, sem dúvida alguma, a Grande Muralha, que se estende por milhares de quilômetros, numa sinuosa travessia através de desertos, montanhas e planícies. Originalmente, a muralha consistia em uma série de muros de terra erigidos por diferentes reinos. O nome Grande Muralha veio depois da unificação da China sob o reinado de Qin Shi Huangdi, o imperador que mandou fazer os guerreiros de terracota. Depois de mais de 2 mil anos de construção, reconstrução e manutenção, o muro alcançou um comprimento total de aproximadamente 5 mil quilômetros. A seguir, dois amigos, Yu Bao e Xin Ping, nos acompanham por uma visita a trechos da Grande Muralha construídos há dois mil anos, durante a dinastia Qin, e que hoje em dia continuam conservados.
Yu Bao, nosso guia, vive no distrito Guyang, na Região Autônoma da Mongólia Interior. Naquela região ainda existem vários trechos da Grande Muralha construídos na dinastia Qin, destino da nossa visita de hoje.
São poucas, na história humana, as obras da magnitude da Grande Muralha, com uma história tão longa e dimensões tão impressionantes. De acordo com os registros históricos chineses, após a unificação do país em 221 a.C., Qin Shi Huangdi ordenou a um famoso general da época, chamado Meng Tian, chefiar 300 mil soldados na missão de construir a Grande Muralha. O objetivo era reforçar ainda mais a capacidade de defesa do império contra os ataques dos hunos do norte. Cerca de 2200 anos depois, parte daquelas muralhas construídas na dinastia Qin continua de pé, num testemunho claro da qualidade da obra e da engenhosidade dos chineses de então.
Nos anos 1990, foi confirmado que os trechos de Guyang formavam parte da Grande Muralha construída pelo general Meng Tian e seus soldados. Hoje, constituem a porção mais bem conservada da Grande Muralha da dinastia Qin.
Segundo Yu Bao, o trecho de Guyang encontra-se isolado no norte. Indo mais para o norte a partir do local onde se encontra este fragmento, chegaremos em pouco tempo ao deserto. Foi o que tentamos fazer, partindo do distrito de Guyang, rumo ao povoado de Tianshengcheng. Mas 20 minutos depois, ficou impossível seguir de carro, devido ao vento forte e às más condições da estrada.
Ao descer do veículo, tudo o que vemos são montanhas. No caminho, Yu Bao nos conta que certa vez levou uma semana para chegar caminhando ao trecho da Grande Muralha da dinastia Qin.
"Demorei uma semana. Andava uns 10 quilômetros por dia. Era muito pesado. A carga de água e mantimentos tornou o percurso uma experiência inesquecível. No fim, foi uma semana de trabalho duro."