Foi inaugurado recentemente no Morro da Mineira, favela no Rio de Janeiro, o primeiro campo de futebol onde o melhor do jogo é a inovação. Os refletores são alimentados eletricamente com a energia gerada pelas pisadas dos jogadores no solo.
O sistema funciona a partir de 200 placas instaladas no campo que acendem seis refletores de LED para iluminar o gramado durante a noite. A tecnologia é capaz de manter os refletores ligados por até 10 horas.
Essa nova tecnologia foi levada para a comunidade pela empresa britânica Pavegen. Na cerimônia de inauguração, o fundador da companhia, Laurence Kemball-Cook, mostrou à imprensa como funciona o sistema que gera energia através das pisadas das pessoas.
"É realmente muito emocionante que a minha ideia pôde ser aplicada aqui. Essas crianças também fazem parte desse grande projeto, porque elas vão se sentir orgulhas por dar energia ao campo através de seus próprios pés."
No Rio de Janeiro há mais de 800 favelas, onde moram 26% da população da cidade. Só no Morro da Mineira, vivem mais de 15 mil habitantes. O futebol é o esporte mais popular entre as pessoas de lá, especialmente as crianças.
Portanto, um campo de futebol de alta e nova tecnologia tem significado importante para comunidade. No dia da inauguração, o Rei do Futebol, Pelé, também esteve presente.
"O mundo inteiro começou a olhar para o Brasil por causa do futebol", disse Pelé à AFP. "Espero que com projetos como este, o mundo comece a olhar para o país por sua participação na ciência".
De fato, essa iniciativa foi apoiada pela petroleira Shell e faz parte do projeto Shell LiveWire que visa oferecer uma plataforma para que os jovens empresários de todo o mundo possam transformar suas boas ideias em realidade. Laurence Kemball-Cook foi um dos empresários beneficiados pelo projeto.
O inglês é um jovem de 28 anos de idade. Ainda quando estudava na universidade, teve uma ideia brilhante. Pensou no quanto seria poupado se os movimentos dos alunos pudessem gerar energia para a iluminação das salas de aula ou para os corredores.
Assim, ele inventou o sistema Pavegen, que foi utilizado inicialmente num quarto em Londres. Mais tarde, essas placas especiais foram aplicadas em várias escolas do Reino Unido, e até nos Jogos Olímpicos de Londres, na iluminação de aeroportos, estações de trens etc.
Atualmente, já existem mais de cinco mil placas geradoras instaladas em diversos locais do mundo, tais como no Aeroporto de Heathrow, no oeste de Londres; na estação de trens em Saint-Omer, no norte da França; na Riverdale School, em Nova Iorque, entre outros. Porém, Cook reconheceu que ainda falta muito para que essa tecnologia seja popularizada.
"A grande dificuldade para desenvolver o sistema Pavegen é que a nossa tecnologia ainda é influenciada muito pelo tempo, especialmente por neve ou chuvas. Além disso, preciso ainda de novos bons parceiros. Estou agora negociando com algumas empresas chinesas também para resolver as questões de marketing."
Agora, o sistema Pavegen já é aplicado em 15 países do mundo. As pessoas acham que é realmente uma inovação maravilhosa, especialmente sob o contexto da crise de energia que o ser humano está enfrentando. O presidente da Shell no Brasil, André Araújo, disse que a construção de um campo de futebol que pode gerar energia visa chamar atenção das novas gerações para a questão da sustentabilidade.
Tradução: Luís Zhao
Revisão: Luiz Tasso Neto