Em janeiro de 2012, mês em que comemorou-se o Ano Novo Chinês, a vila de Davos, no leste da Suíça, recebeu a 42º edição do Fórum Econômico Mundial. Cerca de 2600 personalidades do mundo político e comercial de mais de 100 países e regiões compareceram ao evento. A neve que caiu sobre a vila, a mais intensa dos últimos 44 anos, parecia o prenúncio do tumultuado cenário econômico deste ano. O presidente do Fórum de Davos, Klauss Schwab, alertou que 2012 será decisivo para que a Europa saia da crise.
A crise motivada pelo endividamento público de alguns países europeus foi o destaque na pauta da discussão do fórum. O vice-presidente do FMI, Zhu Min, afirmou:
"A situação da crise das dívidas é grave. A possibilidade de financiamento e a preocupação pela violação de contratos são dois focos do mercado."
Em outubro de 2009, quando o governo grego anunciou que o deficit do país superaria 12% do PIB, nove pontos percentuais acima dos 3% definidos pela UE, a crise começou a se espalhar pelo território europeu. Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha assistiram sucessivamente o rebaixamento de suas notas de classificação de crédito. A situação chegou a tal nível que mesmo potências econômicas sólidas, como a Alemanha, começaram a sentir impactos.
Para fazer frente à situação, o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, sugeriu a criação conjunta de um "muro protetor" mais sólido, o chamado Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE).
"Precisamos um muro protetor para evitar as fortes flutuações causadas por acidentes."
Na tentativa de reverter a atitude dura da Alemanha sobre a política do tal "muro protetor", o presidente do Banco Central Europeu não poupou elogio a Merkel, chanceler alemã, durante o fórum de Davos, qualificando o país como "um farol que orienta o navio da zona euro". Mas a tentativa foi frustrada.
"Nós não queremos assumir compromissos fora da nossa capacidade. Isso só deixaria a Europa ainda mais fágil."
As críticas não vêm apenas da Alemanha. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, também disparou contra a zona euro. Além de depreciar o euro ao dizer que falta a ele todas as características de uma moeda de sucesso, ele também criticou os países da zona euro por não terem soluções objetivas para a crise, mas somente possibilidades.
Em novembro passado, o Comitê Europeu entregou uma proposta ao Parlamento Europeu que prevê a taxação sobre movimentações financeiras a partir de 2014. A medida vislumbra arrecadar para a entidade mais de 50 bilhões de euros por ano, com parte dos fundos sendo destinada para atenuar a crise. Por medo de que a política prejudique o status de Londres como centro financeiro, Cameron se opôs firmemente à decisão:
"Com a taxação das movimentações financeiras, o PIB da UE vai reduzir em dois trilhões de euros, cerca de 500 mil postos de trabalhos serão perdidos e 90% do mercado será transferido para fora do bloco."
Um toque do humor em meio ao cenário sombrio aconteceu quando a presidente do FMI, Christine Lagarde, subiu ao palco do evento levando uma bolsa, uma alusão à tentativa da entidade de angariar fundos para a Europa.
"Ninguém está imune às atuais dificuldades. Não é uma crise apenas da Europa, mas uma crise capaz de contagiar o mundo. Todos nós temos a responsabilidade de garantir o tratamento adequado da crise.
Tradução Li Mei
Revisão Débora Portela