O Banco do Povo da China, banco central do país, publicou recentemente o Relatório de Pesquisa de Depositantes do 4º Trimestre de 2010. Segundo a pesquisa, com a rápida elevação do preço de mercadorias, investimentos passaram a substituir o depósito como primeira opção do povo chinês.
O relatório mostra que 45,2% dos habitantes urbanos no país prefere aplicar seu dinheiro em investimentos, tais como títulos de dívida, ações e fundos, enquanto apenas 37,6% das pessoas mantém o costume de depositar seu dinheiro no banco.
Num país de longa história e rica cultura como a China, antiguidades e obras de arte tornam-se novas vias de investimento. No âmbito da crise financeira global, o mercado de leilão de obras de arte ainda se mantém próspero.
No dia 3 de janeiro, a famosa casa de leilões Artrade realizou em Beijing uma venda de obras feitas por estudantes universitários a preços relativamente baixos, de 300 a 10 mil yuans. Para especialistas, isso significa que obras de arte servem também como uma ferramenta para cidadãos comuns, pois eles acreditam que o preço das pinturas subirá no futuro. O senhor Ma é dono de uma galeria de arte. Ele disse que muitas pessoas, incluindo grandes empresários e pessoas comuns têm investido nesta área. Ele explicou:
"Veja bem este exemplo: esta é uma obra do famoso calígrafo Liu Bingsen. Há 20 anos, o preço de uma obra deste tamanho valia apenas 15 yuans. Hoje em dia, essa mesma obra vale entre 20 e 30 mil yuans."
Isso é porque o mercado de arte atrai muitos investidores. No entanto, lucro é sempre acompanhado de risco. Rongbaozhai é uma casa de arte muito famosa na China, possuindo mais de cem anos de história. Uma funcionária disse:
"Este mercado é muito complicado. Se você não é profissional, nem muito experiente em arte, é melhor não investir ou perderá tudo."
Zhai Xin, vice-chefe da Academia de Pintura e Caligrafia da China, afirmou que o mercado de obras de arte precisa de melhor supervisão e administração:
" O valor de uma obra de arte não é exatamente igual ao seu preço. Atualmente na China, ainda falta um sistema regular e completo de avaliação das obras de arte. As autoridades têm de intensificar a supervisão e administração para a produção e circulação de obras de artes. Sem isso, não podemos avaliar exatamente o valor dela."
De fato, obras de arte, ações e imóveis são considerados os três meios mais importantes de investimento. Cinco anos atrás, o mercado de capitais recuperou-se de uma grande queda e atraiu muitos investidores. Porém, a crise financeira global nos últimos dois anos também trouxe impactos ao mercado chinês e por isso, os investidores chineses começaram a controlar o risco. Ao mesmo tempo, o mercado imobiliário não parou de se desenvolver, e hoje é muito difícil para um cidadão comum comprar um apartamento. Neste contexto, pessoas querem buscar outras vias de investimento, especialmente as mais conservadoras.
Na segunda metade de 2010, a alta no preço do ouro atraiu muitos investidores, incluindo bancos, companhias financeiras e individuais. Títulos de ouro se tornaram um modelo de investimento. Sem o comércio de objetos reais, os títulos de ouro são baseados em preços reais. A senhora Peng é uma funcionária pública de Beijing. Ela disse à nossa reportagem:
"Eu trabalho muito, então não tenho tempo de operar ações no mercado de valores. Os preços de mercadorias têm subido todos os dias. Por isso, comprei títulos de ouro para que a riqueza de minha família não se desvalorize."
Às 23h do dia 21 de dezembro de 2010, Peng estava esperando na fila no posto de gasolina pois o preço da gasolina iria subir no dia seguinte. Apesar de possuir títulos de ouro, ela preferiu passar a noite no posto em uma noite fria de Beijing só para economizar dez yuans.
(por Dong Jue)