
"Eu preferia ouvir que o PIB per capita dos chineses e o nível da seguridade social do nosso país são o segundo do mundo."
"O nível de vida dos chineses ainda está muito distante do dos japoneses. Temos com certeza um longo caminho até chegar a ser a verdadeira segunda maior economia do mundo."
De 1978 a 2009, a economia chinesa manteve um crescimento anual médio de 9%. Apesar de o PIB do país em 2009 ter superado os US$ 4,9 trilhões, estatísticas publicadas pelo FMI indicaram que o Produto Interno Bruto per capita dos chineses era de apenas US$ 3.800, um décimo do registrado no Japão.
Dados divulgados pelo Ministério do Comércio da China (Mofcom, na sigla em inglês) mostram que 150 milhões de chineses ainda vivem abaixo da linha da pobreza extrema, com uma renda diária inferior a um dólar. O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, disse estar ciente dessa realidade.
"A China está em meio a seu processo de modernização, onde coexistem aspectos avançados e atrasados. O país está enfrentando desafios sem precedentes. A China ainda é um país em desenvolvimento."
O crescimento da economia chinesa é dependente, há muitos anos, das exportações e dos investimentos. O país é muito deficiente no que diz respeito à inovação tecnológica e administração de mercado. Para comprar um avião Boeing, por exemplo, os chineses precisam exportar 500 milhões de camisas. Na opinião de Yao Shujie, professor e economista da Universidade de Nottingham, na Grã-Bretanha, o crescimento chinês está exageradamente atrelado ao consumo de energia e matérias-primas.
"A alta dependência por energia e matérias-primas não vai permitir à economia chinesa dobrar seu PIB no futuro. A China não vai ter tantos recursos para gastar. O futuro crescimento chinês precisa reduzir a dependência por recursos naturais e transformar seu modelo."
Para Yao, a China tem de sacrificar o volume de seu crescimento em troca de qualidade.
"O país precisa elevar a eficiência produtiva do setor manufatureiro através do emprego de novas e modernas tecnologias, desenvolver o setor de serviços para elevar a qualidade de vida da população, além de fomentar a agricultura."
A China está formulando o próximo Programa Quinquenal para o desenvolvimento socioeconômico nacional. A meta é controlar o aumento do PIB entre 7% e 7,5%, dando maior atenção ao crescimento qualitativo da economia. Ao mesmo tempo, o governo chinês vai focar na diminuição da desigualdade social. O professor Yao explicou a política.
"O crescimento econômico não tem como alvo principal os ricos, mas toda a população. O ritmo de crescimento da renda da classe média e de grupos menos favorecidos deve ser mais acelerado do que o dos ricos. Diminuir a disparidade social é outro desafio que o governo chinês precisa resolver."
A pesquisadora do Centro Estatal de Informações, Zhang Monan, defende que o país ainda vive a fase inicial da construção de seu sistema de previdência social.
"Somos agora a segunda maior economia do mundo. O governo precisa redirecionar a atenção da riqueza do Estado para o enriquecimento da população, do incremento da riqueza para a distribuição da riqueza. A enorme reserva cambial e o PIB devem beneficiar a população."
(Por Zhu Wenjun)