A partir do dia primeiro de junho deste ano, indivíduos de Shanghai, Changchun, Hangzhou, Hefei e Shenzhen que compram carros movidos a novas fontes energéticas gozarão de subsídios estimados em no máximo 60 mil yuans (US$ 8.800). A política anunciada pelo governo chinês foi bem recebida pelos departamentos relacionados à indústria automobilística e fabricantes daquelas cinco cidades. Para analistas do segmento, no entanto, a popularização dos carros movidos a energias alternativas na China levará muito tempo apesar de o país ter iniciado o processo de industrialização do setor.
Entre as cinco cidades piloto, Hefei, capital da província de Anhui, no leste do país, é pioneira na pesquisa de veículos movidos a novas fontes energéticas. Suas produtoras JAC Motors e Ankai Automobile Co.Ltd., já lançaram cerca de 200 veículos do gênero que já circulam nas ruas de Beijing e Dalian, além de ter colocado 30 ônibus movidos exclusivamente por eletricidade em 18 linhas do transporte público em Anhui. Segundo o vice-gerente de Ankai, Wang Xianfeng, a iniciativa surtiu efeitos positivos quanto à redução do consumo energético.
"O carro movido à eletricidade que produzimos gasta um KWh de energia por quilômetro. Considerando o atual preço da energia, o custo para movimentar esse carro é 2 yuans a menos por quilômetro em comparação com o petróleo", explicou Wang Xianfeng.
Antigamente, os preços dos carros movidos a novas fontes energéticas eram muito mais altos que dos veículos tradicionais devido ao elevado custo de produção, o que impediu muitos consumidores de entrarem no mercado. Para mudar a situação, o governo chinês decidiu conceder, no máximo, 50 mil yuans (US$ 7.350) como subsídio para a compra de carros movidos por energias alternativas, e 60 mil yuans (US$ 8.800) para automóveis movidos somente por eletricidade.
Para Yang Shao, gerente de Relações Públicas da montadora BYD, com sede na cidade de Shenzhen, a nova política deve alavancar a venda dos dois modelos de veículos que a empresa desenvolveu, ambos usando novas fontes energéticas para o motor, além de indicar a direção do segmento para o futuro.
"O anúncio do governo esclareceu que os subsídios dados para a compra de carros que usam energias alternativas ou eletricidade são os maiores. Isso define também a direção do futuro desenvolvimento do segmento. A nova política deve incentivar o consumo de veículos elétricos", opinou Yang.
Em Shenzhen, os estímulos para aumentar o consumo de carros movidos a novas fontes energéticas são mais fortes. Além dos subsídios concedidos pelo governo central, a prefeitura local se compromete a dar mais 20 mil yuans na compra de modelos novos. No caso de carros movidos a energias alternativas produzidos pela BYD, o preço do mercado é de cerca de 170 mil yuans (US$ 25 mil). Com a política de estímulo, o comprador pagará apenas 100 mil yuans (US$ 14 mil).
Na cidade de Hefei, as autoridades prometem fornecer mais facilidades para os proprietários de carros que utilizam novas fontes energéticas, segundo o funcionário da Diretoria de Altas e Novas Tecnologias, Dai Bing.
"Os subsídios do governo diminuem diretamente o custo da compra. A prefeitura de Hefei está pensando em subsidiar o uso desses carros, como por exemplo, a anulação do pagamento de estacionamento", disse Dai.
O preço acessível e o baixo custo de uso podem ser a maior atração para os consumidores. Na cidade piloto de Hangzhou, o taxista Luo disse estar interessado na compra de um carro movido a novas energias.
"Daqui a um ano e meio, vou precisar comprar um novo carro para substituir meu atual. Estou pensando em comprar um movido a novas fontes energéticas caso as condições sejam efetivas", disse Luo.
Para muitos consumidores, no entanto, a instabilidade tecnológica e a falta de instalações para o abastecimento dos carros elétricos impedem o investimento efetivo, apesar de o governo já ter anunciado subsídios.
"O carregamento da bateria leva de cinco a seis horas. O abastecimento com petróleo leva apenas dez minutos. Também duvido do motor desse tipo de carro. Aliás, o preço é muito alto", disse Wang, de Hangzhou.
Levando em consideração as preocupações dos consumidores, os órgãos estatais relativos ao setor automobilístico pediram às prefeituras das cidades piloto a destinarem verbas à construção de infraestrutura para o uso de carros movidos a novas energias, inclusive instalações de abastecimento e reciclagem de baterias.
Para a analista Lang Xuehong, a popularização dos carros de energias alternativas ainda levará muito tempo devido ao processo de construção da infraestrutura e ao aperfeiçoamento das tecnologias.
"O país ainda precisa de um período de adaptação para acumular experiências no emprego de tecnologias, serviço pós-venda e construção de infraestrutura. As montadoras também precisam recolher problemas que os consumidores descobrem durante o uso desses modelos", disse Lang.
Para o presidente da BYD, Wang Chuanfu, o segmento está avançando rumo a um ciclo benigno com os subsídios anunciados pelo governo para consumidores.
"Com isso, a venda de carros movidos a energias alternativas vai subir. E quando atingir um nível bastante alto, os preços poderão cair. Isso formará um ciclo benigno para o setor", opinou Wang.
Segundo a estratégia nacional, até 2015, 500 mil veículos movidos exclusivamente à eletricidade devem circular nas ruas, e a produção de carros movidos a energias alternativas deve ocupar 30% do montante total de automóveis.
(Por Zhu Wenjun)