Os carros movidos a novas fontes energéticas foram o destaque da Feira Internacional de Automóveis 2010, que terminou na semana passada em Beijing. As montadoras do país formam hoje um grupo de destaque no contexto da crise econômica e das mudanças climáticas. As chinesas BYD, Geely e Chery levaram à Feira de Beijing o resultado de suas pesquisas e explicaram à reportagem da CRI seus planos envolvendo o uso de novas energias.

A montadora chinesa BYD mostrou na feira vários modelos do gênero, incluindo um movido exclusivamente a eletricidade, com autonomia para 300 quilômetros ininterruptos com a bateria 100% carregada. Segundo a gerente de Relações Públicas da BYD, Zhang Xuan, este tipo de veículo estará disponível em breve para locação em Shenzhen, cidade do sul da China.

"O governo local está aperfeiçoando as instalações para facilitar o uso de carros movidos por energias alternativas. Em Shenzhen, onde está a sede da BYD, existem agora três postos de abastacimento e mais de 100 pontos de carga de baterias. De acordo com a planificação da prefeitura, até 2015 serão construídas 10 mil instalações do gênero", explicou Zhang Xuan.

A companhia Geely, que concluiu há pouco tempo a aquisição da Volvo, montou na Feira de Beijing o "Parque de Novas Energias", onde foram exibidos dois modelos de veículos elétricos, um movido a energias alternativas e outro, a energia solar.

Para Ouyang Minggao, diretor do Laboratório de Segurança Automotiva e Poupança Energética da Universidade Tsinghua, o entusiasmo demonstrado pelas montadoras chinesas por pesquisas e desenvolvimento de carros movidos a novas energias é uma resposta à perspectiva futura do setor automobilístico nacional. Sob o contexto da redução do consumo energético, o segmento é obrigado a buscar uma nova direção para a sua expansão, completou Ouyang. Segundo ele, o país precisa elaborar uma estratégia inovadora para o uso de energias na área de transporte, incluindo a otimização do atual sistema a motor e o desenvolvimento de veículos que empregam novas fontes energéticas.

"Precisamos desenvolver um novo sistema, um tipo de motor para atender tanto a carros com menos consumo energético, quanto aos movidos por novas fontes energéticas. O fundamental é pesquisar e desenvolver baterias e motores modernos", afirmou Ouyang.

As palavras de Ouyang Minggao têm forte respaldo do professor Ni Jun, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. Para Ni, a pesquisa e o desenvolvimento de veículos movidos por novas fontes energéticas já são uma obsessão mundial.

"De fato, há vários meios para produzir "carros limpos". Na atualidade, é comum elevar a eficiência do próprio motor ou procurar energias alternativas, incluindo a eletricidade", explicou Ni.

A China já é o maior mercado automobilístico do mundo. Segundo o resultado de uma pesquisa feita pelo Centro de Pesquisa Automobilística da Universidade Tsinghua, em 2020 estarão circulando pelas ruas do país 200 milhões de unidades de veículos, número que deve crescer até 2050. Dessa forma, até 2020, a China precisaria de 600 milhões de toneladas de petróleo somente para a locomoção dos carros. Sob tal circunstância, o setor automobilístico chinês não tem outra opção senão buscar novas fontes energéticas. Segundo o presidente do grupo Chang´an Automobile, Xu Liuping, a empresa está investindo pesado no desenvolvimento de novos modelos.

"Investimos anualmente entre 300 e 500 milhões de yuans em pesquisa e desenvolvimento de carros movidos por novas fontes energéticas. Em dezembro do ano passado, começamos a produzir carros elétricos, mas em pequena quantidade. Vamos comercializar a produção este ano", falou Xu.

O plano de reajuste e fortalecimento do setor automobilístico, lançado em março de 2009 pelo governo chinês, prevê que o país tenha capacidade de produzir nos próximos três anos 500 mil unidades de carros movidos a novas energias, cujas vendas devem ocupar 5% do montante total.