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Desequilíbrio do comércio sino-norte-americano não deve ser creditado à política cambial chinesa, dizem especialistas
  2010-03-30 14:10:58  cri
A polêmica envolvendo o câmbio do renminbi, moeda chinesa, está entre os temas mais discutidos por empresários, economistas e pela mídia chinesa e norte-americana. As indústrias dos Estados Unidos atribuem à política cambial chinesa o superávit comercial da China com o país, alegando que o yuan está sendo desvalorizado artificialmente.

Alguns congressistas norte-americanos enviaram uma carta ao presidente estadunidense, Barack Obama, pedindo que o Departamento do Tesouro dos EUA inclua a China entre os "países manipuladores do câmbio". Tal iniciativa indica que problemas econômico-comerciais estão sendo politizados. Quanto à questão, altos funcionários chineses, entre eles o premiê Wen Jiabao, manifestaram em várias ocasiões que o câmbio do yuan não é o principal motivo pelo desequilíbrio observado no comércio bilateral. Para muitos economistas e empresários de multinacionais, a politização de um problema comercial não ajuda a economia mundial a sair da sombra da crise financeira.

O superávit comercial mantido pela China em relação aos EUA é visto pelas indústrias norte-americanas como uma prova do desequilíbrio comercial entre os dois países. Para elas, o yuan "artificialmente desvalorizado" concede às exportações chinesas "uma vantagem injusta", razão pela qual a elevação do câmbio da moeda chinesa a um "nível razoável" pode estabelecer uma igualdade comercial. O discurso feito pelo ministro chinês do comércio, Chen Deming, na abertura do Fórum de Alto Nível sobre Desenvolvimento da China sustenta que o desequilíbrio comercial não tem nenhuma relação com o câmbio, e que a valorização forçada do yuan seria um ato irracional.

"De 2005 a 2008, o yuan se valorizou mais de 20%, mas o comércio sino-norte-americano não sofreu queda, ao contrário, viveu um crescimento significativo. Em 2009, o câmbio do yuan manteve-se estável, mas o superávit da China com os EUA caiu 34,2%. Em janeiro e fevereiro deste ano, o superávit continuou caindo, chegou a 50%, período em que não foram observadas mudanças importantes na taxa de câmbio do yuan. Na minha opinião, o comércio externo do país pode alcançar um déficit em março deste ano. Ainda existem muitos fatores de instabilidade à economia mundial. A base de recuperação completa da economia chinesa também não é sólida. Por tudo isso, a valorização forçada da moeda chinesa não beneficiará ninguém, e pode ser uma opção irracional."

Para o secretário-geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), José Angel Gurria, o reajuste do câmbio pode surtir efeitos ao comércio bilateral no curto prazo, mas não deve resolver o problema do desequilíbrio comercial.

"Acho correto a elevação da flexibilidade do câmbio do yuan. Mas há pessoas que entendem que a valorização do yuan será capaz de resolver todos os problemas. Isso é impossível. O desequilíbrio comercial tem a ver não apenas com o câmbio da moeda, mas com o consumo, a poupança e o sistema de previdência social."

Então, o que realmente leva o comércio sino-norte-americano a uma situação de desequilíbrio? Segundo o Ministério do Comércio da China (Mofcom, na sigla em inglês), os números do superávit chinês vem sendo superestimados pela parte norte-americana. Tomando como exemplo os dados do comércio em 2006, a China subestimou as estatísticas em apenas 2%, enquanto os EUA as superestimaram em até 26%, conforme um estudo feito pelo Mofcom em parceria com o Departamento do Tesouro dos EUA. Por outro lado, o governo Obama tem implementado rigorosas restrições às exportações do país, fazendo com que empresas norte-americanas percam grandes oportunidades de negócios, segundo o ministro Chen.

"Os Estados Unidos impõem restrições rigorosas às suas exportações à China, especialmente nas áreas de tecnologia espacial e aviação civil. Isso é injusto para com as empresas norte-americanas, que deveriam ter mais chance de exportar seus produtos à China. A economia norte-americana poderia se recuperar muito mais rápido se essas restrições fossem flexibilizadas."

O economista e prêmio Nobel Joseph Stiglitz, entende que parte dos congressistas enxerga apenas o superávit que a China mantém no comércio com os Estados Unidos, mas negligencia o fato de que o país asiático importa um grande número de serviços do país norte-americano.

"A mudança do câmbio não vai alterar o déficit que os Estados Unidos mantêm no comércio de mercadorias. Os Estados Unidos não vão produzir têxteis ou vestuário. Caso não importem da China, vão ter de recorrer à Bangladesh ou ao Sri Lanka. Ao contrário, se os Estados Unidos aumentarem as exportações de produtos de alta tecnologia, a situação vai mudar definitivamente."

Segundo o chefe do departamento para a América e Oceania do Mofcom, He Ning, os dados do comércio não refletem o lucro real dos dois países, e as empresas norte-americanas adquiriram, de fato, a maior parte do valor agregado dos produtos importados da China. Ele citou como exemplo o Ipod. O preço de um Ipod fabricado na China chega ao mercado por US$ 299, US$ 160 dos quais vão para as empresas norte-americanas de design, distribuição e varejo. As fábricas chinesas, no entanto, ganham apenas US$ 4 pelo processamento e montagem. Caso o yuan seja valorizado de forma significativa, tanto a China quanto os EUA vão sofrer prejuízos. Segundo cálculos feitos pela Câmara Comercial para Importação e Exportação de Máquinas e Produtos Eletrônicos, caso o yuan tenha uma valorização de 3%, as exportações do país de produtos eletrônicos sofrerá uma queda de 30 bilhões de yuans. Mas metade desse mercado é ocupado por empresas cujos investidores são norte-americanos.

Para analistas, a alta taxa de desemprego e a aproximação das eleições do Congresso são as razões da perseguição de políticos norte-americanos à política cambial chinesa, como forma de aliviar a pressão política e desviar a atenção da opinião pública. Para He Ning, a intenção é muito perigosa.

"O ato de politizar questões comerciais já tem uma longa história, além de exercer um papel negativo ao avanço das relações sino-norte-americanas. Nós insistimos que não se deve acrescentar fatores políticos a questões econômicas. As negociações constituem o meio mais eficaz de reduzir ao máximo os impactos negativos."

Para o presidente do Centro de Investimentos Deloitte e ex-secretário do Tesouro norte-americano, Robert M. Kimmitt, mesmo parceiros mais íntimos podem encontrar divergências. Os problemas no comércio sino-norte-americano devem ser resolvidos através de consultas e diálogos, em vez de serem politizados.

"Quero destacar que as relações sino-norte-americanas são muito importantes e que devemos evitar a politização de questões, sejam elas bilaterais ou multilaterais."

O Departamento do Tesouro norte-americano vai entregar no dia 15 de abril ao Congresso um relatório sobre a política de divisas de seus principais parceiros comerciais. Então Washington decidirá se inclui ou não a China na lista de "países manipuladores do câmbio".

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