Desde o dia 1º de janeiro, a zona de livre comércio China-Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), a maior do gênero formada por países em desenvolvimento, está em funcionamento. Para analistas, essa zona não apenas trará vantagens aos dois lados, mas estabelecerá um novo modelo de livre comércio entre nações emergentes.
Após oito anos de preparação, a China e os países membros da Asean firmaram o acordo para a criação de uma zona de livre comércio, que cobre 11 países e uma população de 1,9 bilhão de pessoas, cujo PIB soma US$ 6 trilhões. A zona é a terceira maior do gênero, atrás da União Europeia e do Nafta.
Para Zhang Wenling, chefe do Departamento de Assuntos Internacionais da Academia de Ciências Sociais da China, a zona China-Asean é um novo modelo de execução do comércio livre.
"Em vez de atingir a meta de uma só vez, como foi feito na América do Norte, optamos por formar essa zona gradualmente. Na condição de países em desenvolvimento, seguimos rigorosamente as regras da Organização Mundial do Comércio, sem criar barreiras a nenhum país. Muitos membros da Asean ainda são subdesenvolvidos. Temos de garantir que a promoção do comércio livre na zona beneficiará também a esses países. Além disso, investimos na construção de infraestrutura, com o propósito de melhorar as condições de desenvolvimento. Tudo isso favorece tanto a China quanto os países da Asean."
Durante as negociações, China e Asean mantiveram encontros periódicos e definiram como prioridade as cooperações nos setores de logística, infraestrutura, turismo, agricultura e simplificação do comércio e investimento, estimulando a abertura dos mercados, a troca de recursos humanos e a circulação de produtos, bem como a elevação da competitividade das empresas dos dois blocos.
Desde a assinatura do Acordo-Quadro de Cooperação Econômica, o volume do comércio entre a China e os países membros da Asean passou de US$ 60 bilhões em 2002 a US$ 230 bilhões em 2008. Com a formação da zona de livre comércio, o imposto alfandegário médio cobrado pela China sobre importações e exportações com a Asean baixou de 9,8% para 0,1%.
Para Cao Yunhua, diretor do Instituto de Pesquisa sobre o Sudeste Asiático da Universidade Jinan, a criação da zona de livre comércio vai gerar benefícios mútuos.
"A promoção do comércio livre significa muito para ambas as partes. Como o Sudeste Asiático é um importante vizinho da China, o reforço dos laços com esses países favorece a reforma e abertura de toda a China. Do ponto de vista econômico, a Asean é um importante parceiro comercial da China, e vice-versa. A criação da zona de livre comércio vai estreitar essa relação."
A redução dos impostos aduaneiros vai estimular não só o comércio bilateral, mas aperfeiçoar a estrutura das exportações e importações entre China e Asean. Os dois lados possuem muitas complementaridades em produtos e áreas de negócios. Hoje, a China exporta à Asean principalmente navios, aço, vestuário e porcelana, e importa produtos de cobre, borracha e cacau.
Segundo Zhang Wenling, há um enorme potencial de crescimento da zona de livre comércio China-Asean.
"Essa zona envolve uma população e um PIB imensos, apesar de ser um bloco de países em desenvolvimento. Sua vantagem reside na grandeza do mercado, que deve atrair capitais e tecnologias."