Em muitos monumentos culturais da China, nos palácios, frente às tumbas, à entrada dos templos e jardins, vêem-se sempre dois leões ou de bronze ou de pedra, solenemente guardando a entrada. Nas festividades populares chinesas, é muito popularizada a dança do leão, expressão de alegria e felicidade. O leão entrou desde tempos remotos, na tradição cultural chinesa.
Mas, o leão foi oriundo da Índia e África. Diz-se que na dinastia Han do Leste(25 a 220), há cerca de 1900 anos, o rei de Anxi, antigo estado do Oeste da Ásia, no atual Irã, ofereceu um leão ao imperador Zhang Di. De então, o animal foi integrado na cultura chinesa.
Na China antiga, o povo costumava usar os animais como motivos na pintura, esculturas e diversos artesanatos. Durante as dinastias Qin(221 a 206 a. C) e Han(206 a. C a 220), nos telhados dos palácios imperiais havia motivos de dragões, tigres, fênix e tartarugas, simbolizando o poder e felicidade, porque estes animais são caracterizados pela ferocidade, beleza e longevidade. Acontece o mesmo com o caso do leão. Devido a seu caráter feroz e imagem poderosa, foi-lhe atribuída uma missão específica ? a defesa, com o macho e a fêmea aos dois lados das portas dos palácios, templos, mansões dos condes e duques e mesmo casas do povo. Além disso, nas balaustradas, cabeças das colunas de pedra, alicerces das construções, também são esculpidas imagens diversificadas de leões.
A escultura de leão tem estilos deferentes nas diversas épocas históricas. No século VI, no período das Dinastias do Sul e do Norte, os imperadores das dinastias do Sul construíram em Jiankang, atual Nanjing, muitas tumbas. Uma destas foi a de Xiao Ji da dinastia Liang. Fora desta tumba, estão dois leões de três metros de altura. Com a cabeça erguida, boca aberta e língua de fora, as quatro patas muito robustas. As linhas do pescoço e corpo do leão são enérgicas. Nos dois ombros do leão foram ainda esculpidas duas asas, aumentando um gosto mítico. Este animal chamava-se Bixie, animal que afasta os maus espíritos, a imagem global é muito robusta e solene. Nos séculos VII e VIII, durante a dinastia Tang, além das imagens de leões que andavam, surgiram grande quantidade de leões sentados. Em seu conjunto, seus tamanhos são enormes e seu estilo é simples e vigoroso, mas mais realista do que no período das dinastias do Sul e do Norte, sem as asas e os cornos na cabeça. Contudo, a exageração é igualmente usada, por exemplo, as patas e garras do leão são especialmente robustas e sólidas. Os leões de pé, com a cabeça erguida, dão a sensação de andar; os leões sentados, com a boca aberta e peito avançado, têm um ar assustador. Especialmente as esculturas de leões das tumbas dos diversos imperadores da dinastia Tang, cheias de beleza e força, com uma arrogância de tudo menosprezar, devem ser consideradas obras-primas na história da escultura. Após o século XII, a escultura de leões de pedra da dinastia Song tornou-se mais realista do que nas dinastias do Sul e Tang: a cabeça e rolos dos pêlos mais próximos do real, os membros e o corpo, apesar de mais robustos do que os leões naturais, menos exagerados do que os das épocas anteriores. Esculturas de leões de pedra das dinastias Ming e Qing conservam-se hoje com quantidade maior. Os artistas deste período prestavam atenção ao realismo, sofisticação dos pormenores, pêlos enrolados e músculos salientes nas patas; mas descuidaram a energia e impacto conjunto da obra, que perdeu a majestade e força do leão. Contudo, a imagem dos leões de pedra nos jardins e templos da dinastia Qing é muito diversificada. Havia leões com as patas anteriores levantadas a abraçar uma cria ou uma bola, outros com a boca aberta, olhos salientes, alguns com membros muito fracos. Embora estes leões tivessem figuras vívidas, faltava-lhes um encanto artístico global. Os artistas sabiam sintetizar e exagerar, usando linhas simples e fortes para expresssar exatamente o espírito do leão como rei nos animais. As obras da fase tardia aproximam-se da realidade em seu conjunto. No pormenor, elas procuram só a vivacidade, mas não conseguindo representar a majestuosidade e robustez da fera.
Também existem características diferentes nas criações do mesmo período.
O leão, como defensor da porta, possui sempre um ar poderoso. O leão de bronze, na porta do Pavilhão Taihe, no Palácio Imperial, tem um corpo enorme, de cor escura, assente no alto da plataforma de pedra, aumentando a majestade e solenidade do palácio da corte imperial. Os leões em bronze à porta de Ningshou têm pêlos enrolados, boca rasgada e dentes bem à mostra, com as garras estendidas para a frente, sem mostrar nenhuma ternura, nem sequer para com sua cria; tão assustadores, expressam plenamente o carácter feroz. Mas a imagem do leão não é sempre assim, cruel e temeroso. Na dança do leão, tradição folclórica da China, que é muito popular e festiva, o leão torna-se manso e caprichoso, levando ao pescoço campainhas, perseguindo uma bola colorida, ora saltando e rolando, ora sentando-se no chão para recuperar o fôlego, ora alisando o pêlo com a pata, até chegando a adormecer. Neste momento, a imagem do leão é, de fato, "personificada", e representada pelas pessoas. A gente deposita no leão seu ideal e esperança de valentia, ferocidadde, domesticação, força e benevolência. Esta personificação também se reflete na escultura do leão. O leão de pedra no sul da ponte de pedra do Parque de Beihai, sentado numa plataforma baixa de pedra, com campainhas no pescoço, com a pata sobre uma bola, mostra o ar travesso dos leões de palco. À primeira vista, os mais de 120 leões na balaustrada de pedra de Ponte de 17 Arcos do Palácio do Verão são semelhantes. Mas se observar minuciosamente, a surpresa é que nenhum dos leões é igual: uns sentados elegantemente, outros debruçam-se sobre a água; duas ou três crias nas costas, outras ao colo, muito vivas e engraçadas. Nos templos do sul da China, ainda existem muitas esculturas de leões em pedra, apesar de fracos na concepção artística, são engraçados e vigorosos: as crias brincam à volta da fêmea, um macho brinca com várias bolas, às vezes, segura a bola com as duas patas, com uma fita de seda na boca. Não existem regulamentos fixos de forma e estilo, o que é raramente visto nas construções palacianas.