Quase metade do investimento directo estrangeiro em Portugal em 2014 teve origem no Brasil, Angola e China, contribuindo para uma cada vez maior interligação entre estas economias, de acordo com dados oficiais.
Os dados mais recentes do Banco de Portugal sobre investimento estrangeiro no país em 2014, ano que foi o melhor do passado recente em termos de entrada de capital estrangeiro, indicam que o Brasil foi origem de 28,5% do investimento, destacadamente em primeiro lugar.
O investimento com origem em Angola representou 9,5% do total e da China veio 8,8% do total, totalizando os 3 países 47% do capital estrangeiro investido.
No caso do Brasil, o investimento tem-se repartido pela compra de grandes empresas portuguesas, como é o caso da cimenteira Cimpor pela Camargo Corrêa, e pela criação de empresas de raiz, como a fábrica de componentes aeronáuticos da Embraer, cuja capacidade está em vias de ser reforçada.
Angola tem-se destacado pelos investimentos na banca (Millennium bcp, BPI, BIC), telecomunicações (NOS), comunicação social (Global Media) e, mais recentemente, na construção civil e na indústria (Efacec).
Quanto à China, destacam-se os investimentos na Energias de Portugal (EDP), Redes Energéticas Nacionais (REN), saúde, seguros e na banca de investimento (BESI), numa altura em que a Fosun International está a negociar a compra do Novo Banco, que seria o maior investimento chinês de sempre em Portugal.
O Jornal de Negócios escreveu que no primeiro semestre ao ano manteve-se a tendência de crescimento do investimento com origem no Brasil, Angola e China em Portugal, apesar das dificuldades sentidas nestes países, sobretudo nos dois primeiros.
Numa demonstração da crescente interdependência entre estas economias, a situação em Angola tem vindo a causar preocupação em Portugal, com uma quebra das exportações para este mercado e redução de actividade de empresas portuguesas que ali actuam, algumas das quais registam dificuldades no pagamento de salários.
Quanto ao peso de Brasil, Angola e China no montante acumulado de investimento directo estrangeiro em Portugal, a tendência é crescente, mas o peso ainda é modesto, longe de Holanda (23,6%), onde estão sedeadas as sociedades gestoras das participações sociais das principais empresas portuguesas, Espanha (23,6%) e Luxemburgo (21,5%).
Apesar da recente venda da operadora de telecomunicações PT pela brasileira Oi, o Brasil surge em posição destacada, abaixo do Reino Unido e França, com 2,3% do montante de investimento, Angola com 1,7% e a China com apenas 0,7%.
Tendo em conta o investimento no período de crise, depois de 2008, até ao primeiro semestre deste ano, Angola passou de 107 milhões de euros investidos para 1721 milhões de euros, e a China de 1,7 milhões para 706 milhões de euros, de longe os aumentos mais expressivos. (Macauhub/AO/BR/CN/PT)