Zhou Zhiwei, secretário-geral do Centro de Pesquisa de Assuntos Brasileiros do Instituto da América Latina da Academia Chinesa de Ciências Sociais, indicou que o encontro dos líderes da China e do Brasil obteve muitos avanços e demonstrou a base sólida das relações bilaterais e o desejo de cooperação profunda entre os dois lados. "Há semelhanças em termos de desenvolvimento dos dois países, os governos chinês e brasileiro querem proteger seus interesses para reforçar a colaboração. Assim criarão condições favoráveis para a ascensão dos dois países", disse ele.
Os dois lados anunciaram na mesma ocasião um mecanismo de câmbio de moedas locais no valor de 60 bilhões de reais. A medida é considerada importante, pois poderá reduzir os riscos criados pela agitação da taxa de câmbio da moeda norte-americana, explicou Zhou, acrescentando que a medida promoverá a internacionalização do yuan e do real, além de oferecer vantagens à reforma no sistema monetário internacional.
Segundo a declaração conjunta publicada depois do encontro dos dois líderes, a China e o Brasil desenvolverão cooperações em várias áreas. A tecnologia é prioridade na cooperação sino-brasileira, indica Zhou, o que mostra a importância da inovação científica e tecnológica para os dois governos, e a viabilidade da cooperação tecnológica.
A China e o Brasil têm suas forças tecnológicas em áreas distintas. A China é forte na área espacial, e entre outras, enquanto o Brasil tem exelência em nanotecnologia, energia limpa e renovável. Zhou também disse que nos últimos anos os dois países realizaram muitas colaborações tecnológicas e desfrutaram de bons resultados. "A China e o Brasil alcançaram laços significativos no contexto da Cooperação Sul-Sul", disse ele.
Entre as cooperações, a de satélite é uma das que serão reforçadas. Desde 1999, quando a China ajudou o Brasil a lançar o Satélite 01, as cooperações na área vem se mostrando efetivas. Os dois países realizarão esforços coordenados para manter o lançamento do Satélite 03 da série de Satélites de Recursos Terrestres Sino-Brasileiros este ano, e do Satélite 04 da mesma série em 2014, informa a declaração, acrescentando que os dois lados discutirão sobre um projeto de cooperação espacial de 10 anos.
A China e o Brasil sempre desenvolveram as relações comercias. A China se tornou o maior parceiro comercial do Brasil nos últimos três anos, com o volume comercial bilateral ultrapassando US$ 80 bilhões em 2011.
Sobre as relações comerciais, Chen Duqing, diretor do Centro de Estudos Brasileiros do Instituto de Estudos Latino-Americanos, subordinado à Academia Chinesa de Ciências Sociais, indicou que algumas áreas são compatíveis entre a China e o Brasil, mas que os dois países são complementares em muitas outras áreas econômicas. Ele sublinhou que os laços comerciais dos dois países não podem ser apenas de compra e venda. Os dois países deverão aumentar os investimentos de um para o outro, sobretudo nas áreas de alta tecnologia com o fim de obter resultados ganha-ganha.
Chen, também ex-embaixador chinês no Brasil, disse que a declaração apenas indica o direcionamento das cooperações China-Brasil. O desenvolvimento consistirá em esforços dos departamentos, órgãos e empresas relativos. As barreiras na via do desenvolvimento das relações comerciais serão a distância geográfica e a falta de conhecimentos.
A China e o Brasil tem desenvolvido rapidamente as relações bilaterais e a confiança política mútua, segundo o ex-embaixador, mas o intercâmbio cultural cresceu de maneira relativamente lenta. A falta de conhecimentos da cultura e do mercado um do outro prejudicaria as relações bilaterais ao longo prazo, disse o ex-embaixador. "O resultado dependerá do desenvolvimento dos intercâmbios cultural e de pessoa com o fim de promover conhecimentos mútuos", disse ele.
Quanto aos meios para resolver a questão da falta de conhecimento, Zhou falou da promoção cultural e intercâmbio na área de educação. Ele destacou também os intercâmbios dos grupos acadêmicos especializados. "Os intercâmbios de acadêmicos podem ajudar os pesquisadores a analisar o panorama um do outro", disse ele, " e tais informações podem beneficiar os governos e as empresas, promovendo o desenvolvimento das relações."